Trabalhadores do mundo

Queremos ser contrapeso ao capitalismo, afirma IndustriALL

Federação mundial dos trabalhadores na indústria encerrou congresso destacando ameaças a direitos sociais. Brasileiro Valter Sanches foi eleito secretário-geral da entidade

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Jorg Hofmann, eleito novo presidente da IndustriALL, a federação mundial dos trabalhadores na indústria

São Paulo – “Devemos nos tornar o contrapeso do capitalismo global”, afirmou o novo presidente da IndustriALL, a federação mundial dos trabalhadores na indústria, Jorg Hofmann, ao encerrar na tarde de hoje (7), no Rio de Janeiro, o segundo congresso da entidade. Líder do IG Metall, o sindicato dos metalúrgicos da Alemanha, Hofmann destacou os desafios ao movimento sindical impostos por um modelo de produção cada vez mais flexível, baseado na divisão do trabalho.

“Quem se beneficia da globalização são as empresas multinacionais, enquanto em muitos países a força de trabalho está entre os que mais perdem. Em todo o mundo, os patrões exigem flexibilidade por meio de contratos temporários, porém, se negam a oferecer segurança e estabilidade. Não podemos aceitar isso, e não aceitaremos”, afirmou.

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Valter Sanches: combater em escala global o trabalho precário e a ganância corporativa

Novo secretário-geral da IndustriALL, o brasileiro Valter Sanches ressaltou o momento de ameaça aos direitos trabalhadores em todo o mundo. “Vamos intensificar nossas campanhas para combater o trabalho precário e a ganância corporativa, para reverter o modelo que concentra a riqueza nas mãos de poucas pessoas”, declarou Sanches, que é funcionário da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “Agora é hora de usar as estruturas e o apoio dos maiores sindicatos em benefícios dos que mais precisam, especialmente nos países do Sudeste da Ásia, África e América Latina.”

O congresso, que durou quatro dias, aprovou várias resoluções, entre as quais uma emergencial referente ao Brasil. “Os trabalhadores no mundo enfrentam graves ataques. Aqui, o governo golpista está levando a cabo uma agenda das elites, que impõem a eliminação de direitos e benefícios sociais”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ) da CUT, Lucineide Varjão. “Os membros do Parlamento mudaram as regras, causando grande perda para a soberania do Brasil. Serão afetados os recursos financeiros na área de saúde e no bem-estar social.”

Também foram aprovadas resoluções contra o fechamento da unidade da Ford na Austrália, pelo acordo de paz na Colômbia e pelo não reconhecimento, por parte da Volkswagen, do sindicato dos trabalhadores na indústria automobilística (UAW), ao qual um grupo de 160 funcionários decidiu-se filiar-se. “A empresa se nega a cumprir com seu próprio acordo global com a IndustriALL, com a legislação trabalhista dos Estados Unidos. Isso tem potencial para afetar trabalhadores em todos os sindicatos do mundo”, afirmou Rainer Santi, do UAW.

O Sindicato dos Metalúrgicos da Coreia do Sul (KMWU) apontou eliminação de leis de proteção em consequência de reforma trabalhista encaminhada naquele país. “O governo não está garantindo adequadamente a liberdade de associação e o direito aos acordos coletivos”, diz Sang Gu, do KMWU. “Pelo contrário, está reprimindo os trabalhadores.”

Foram eleitos ainda novos vices regionais: Issa Aremu (Nigéria), Tahar Berberi (Tunísia), Raúl Enrique Mathiu (Argentina), Anders Ferbe (Suécia), Carol Landry (Estados Unidos) e Aihara Yasunobu (Japão).

A IndustriALL surgiu em 2012, em Copenhague, a partir da fusão de três entidades internacionais: Fitim (metalúrgicos), Icem (químicos/energia) e FITTVC (têxtil/vestuário). Representa 50 milhões de trabalhadores em 140 países.