31º dia de greve

Para sindicalista, bancário entendeu e enfrentou cenário difícil

A secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa, classifica proposta negociada com banqueiros como a 'possível' em conjuntura de ataques e resultado da forte adesão à greve

Fernando Frazão/ Agência Brasil

Adesão foi uma das maiores da história da categoria

São Paulo – “Entendemos que não é o mundo que queríamos, mas foi o acordo possível. Nós defendemos esta proposta diante desta conjuntura política de retirada de direitos e privatizações”, afirmou hoje (6) a secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e presidenta da federação internacional de entidades de trabalhadores do setor Uni Finanças Global, Rita Berlofa, em entrevista a Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

Com 31 dias de greve, representantes da categoria receberam ontem da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) uma proposta que altera de 7% para 8% o reajuste para os salários e mantém o pagamento de um abono de R$ 3.500. O índice reajusta também os valores que compõem as regras da participação nos lucros ou resultados (PLR). A proposta prevê ainda reajustes maiores para o vale-refeição (10%), o vale-alimentação (15%) e os auxílios creche e babá (10%).

Uma novidade levada à mesa de negociação foi a ideia de celebração de uma convenção coletiva nacional com dois anos de validade. Se o índice deste ano está abaixo da inflação acumulada, para 2017 já fica assegurada a reposição da inflação (INPC) mais 1% de aumento real, compondo o índice a seria aplicado nos salários e demais verbas a partir de 1º de setembro do ano que vem.

Outro item importante da negociação realizada ontem diz respeito aos dias parados, que serão abonados. Agora, a categoria deve realizar assembleias em todo o país na tarde de hoje para decidir se aceitar ou não a proposta.

“Esta greve foi e está sendo difícil porque a conjuntura em que está sendo realizada é completamente diferente das anteriores”, afirma Rita. “Estamos com um governo Michel Temer (PMDB) golpista, cujo único interesse é implementar uma agenda neoliberal com retirada de direitos. Então podemos imaginar como está a postura do sistema financeiro que notadamente apoiou o golpe”, diz a sindicalista.

Bancos públicos

As direções do Banco do Brasil e da Caixa Federal apresentaram aos representantes dos trabalhadores proposta global para acordos específicos, aditivos à convenção  coletiva de trabalho negociada com a Fenaban. As reuniões se estenderam pela madrugada desta quinta-feira (6). Ambos os bancos federais propõem estender a validade dos aditivos para dois anos, seguem as cláusulas econômicas negociadas via Fenaban e mantém suas política específicas para PLR, entre outras cláusulas.

Em São Paulo, a assembleia da Caixa é na quadro do sindicato (Rua Tabatinguera, 192, Centro), a do Banco do Brasil no Centro Social Hakka Brasil (Rua São Joaquim, 460. Liberdade) e a dos bancos privados na Casa de Portugal (Avenida Liberdade, 602). Todas a partir das 17h.

Para Rita Berlofa, a proposta de acordo para dois anos significa que ficam garantidos os pontos acordados até 2018, com exceção do reajuste já previsto para o ano que vem. “Nessa conjuntura política de retirada de direitos e privatizações, essa vigência garante que os direitos de hoje sejam garantidos e garante reposição da inflação com aumento real. Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã e nossa avaliação do cenário nacional é a pior possível”, argumenta, valorizando o papel da forte adesão à greve para se chegar até aqui. “A categoria entendeu a dificuldade da conjuntura e fizemos a greve. Só avançamos por conta desta pressão.”

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