contra o desmonte

Petroleiros do RJ anunciam greve por tempo indeterminado a partir de quinta

Sindipetro-RJ reivindica aumento real, ganhos por produtividade e também denunciam plano de privatização da companhia

Arquivo/ABr

‘Vender ativos em um período de crise econômica não é o caminho correto’, apontam petroleiros

Rio de Janeiro – O Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) anunciou, em nota oficial em sua página na internet, que a categoria deflagrará greve por tempo indeterminado a partir da meia noite da próxima quinta-feira (29).

Segundo o sindicato, as assembleias realizadas pela entidade votaram pela rejeição da contraproposta apresentada pela empresa para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho para os próximos dois anos (ACT/ 2015-2017), apresentada pela Petrobras em reunião realizada no último dia 16.

Os petroleiros reivindicam reposição da inflação e aumento real de 10% nos salários, ganhos por produtividade e manutenção de direitos como o programa de aquisição de remédios conhecido como Benefício Farmácia.

Eles também denunciam o processo de privatização previsto no novo Plano de Negócios e Gestão 2017-2021, com a venda de ativos da companhia no valor total de US$ 19,5 bilhões, volume superior aos US$ 15,1 bilhões previsto no plano anterior.

“O conjunto das assembleias também votou por ampla maioria contra o processo de desmonte do sistema Petrobras, conforme indicado em seu mais recente Plano de Negócios apresentado no último dia 20 de setembro”, diz a nota.

No novo Plano de Negócios e Gestão, divulgado na semana passada, a Petrobras também anunciou a retirada “integral” da estatal dos setores de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP (gás de cozinha), produção de fertilizante e das participações da companhia na petroquímica para, segundo a empresa, “preservar competências tecnológicas em áreas com maior potencial de desenvolvimento”.

“Não ignoramos, nem menosprezamos a dívida da Petrobras, mas entendemos que vender ativos em um período de crise econômica não é o caminho correto para solucionar este problema, já que a captação prevista é relativamente baixa”, diz a nota.

Segundo o Sindipetro, a direção da Petrobras é responsável pela corrupção e pela alegada crise enfrentada pela estatal. “Se alguém tem que ceder e abrir mão de alguma coisa são os diretores da companhia, pois ao contrário deles, os petroleiros têm sido os responsáveis por desenvolver tecnologias inéditas no mundo, que resultam em novas descobertas, e são os empregados os responsáveis por sucessivos recordes como o do pré-sal, que já produz mais de um milhão de barris.”

Eles também contestam a venda do campo de Carcará, no pré-sal, que teria sido negociado sem licitação “a preço aviltado”, após votação noturna no Senado que autorizou a venda.

“Não aceitamos nenhum direito a menos. Não vamos recuar” diz Emanuel Cancella, secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros, que também participa do esforço de greve.

Contraproposta

No entendimento dos petroleiros a proposta da empresa para a data base da categoria agora em setembro, “é extremamente rebaixada, com reajuste zero no salário básico e 4,97% na RMNR (com a inflação oficial chegando a 11,27%)”.

A proposta apresentada pelo Sindipetro-RJ à companhia, propõe reajuste da tabela salarial (Salário Básico) dos seus empregados, conforme a tabela vigente em agosto de 2016 (que corresponde ao maior índice de inflação acumulado calculado pelo ICV/DIEESE, IPCA), correspondente ao período de 1º de setembro de 2015 a 31 de agosto de 2016, acrescido da Produtividade e Ganho Real de 10%.

Segundo o sindicato, o cálculo da produtividade e ganho real foi apurado, tendo como base o valor agregado à Petrobras no período, incorporação da gratificação e produtividade linear.

O sindicato também não concorda, entre outros pontos, com a proposta da estatal que prevê “redução de 50% do valor das horas extras prestadas em regimes especiais de trabalho, tais como turnos ininterruptos de revezamento e sobreaviso, em flagrante prejuízo para os empregados engajados em tais regimes, que laboram em condições especiais de trabalho e que, portanto, demandam maior proteção”.

Com informações da Agência Brasil e Sindpetro-RJ