Crise

Metalúrgicos tentam destravar programa de renovação da frota

Presidentes dos sindicatos do ABC (CUT) e de São Paulo (Força) também conversaram com o ministro do Trabalho sobre PPE e norma de segurança em máquinas

Fabrício Castro – Ascom/Ministério do Trabalho

Lacerda, Rafael, Nogueira e Miguel: PPE, frota e NR-12

São Paulo – Os presidentes dos sindicatos dos metalúrgicos do ABC (CUT), Rafael Marques, e de São Paulo (Força), Miguel Torres, se reuniram hoje (2) com o ministro interino do Trabalho, Ronaldo Nogueira, para tentar destravar o programa de renovação da frota. Também discutiram mudanças no Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e manifestaram preocupação com a ameaça de extinção da Norma Regulamentadora (NR) 12, sobre saúde e segurança no setor de máquinas e equipamentos. As duas bases, que hoje somam 260 mil trabalhadores, administram uma situação de crise, com perda significativa de empregos.

“O que temos de desmistificar é que a renovação da frota não é salvar as montadoras. É um programa de governo. Vai do mineral até o pós-venda, ajuda o meio ambiente, a trazer tecnologia, qualificação”, disse Miguel, logo após a reunião, que teve também a presença do secretário de Relações do Trabalho, Carlos Cavalcante de Lacerda. Os metalúrgicos têm um projeto em comum, discutido com entidades como Anfavea (montadoras), Sindipeças (autopeças), Sindmaq (máquinas) e Instituto Aço Brasil. “Acho que está maduro. As conversas estão bem adiantadas”, comentou o dirigente, que também preside a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM).

A proposta circula há anos entre trabalhadores e empresários, mas costuma esbarrar no mesmo local em Brasília. “É sempre no Ministério da Fazenda”, afirmou Miguel, acrescentando que os sindicalistas também pediram reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Adesão

O programa incluiria todos os setores de mobilidade, incluindo as duas rodas. No caso dos caminhões, inicialmente seriam retirados de circulação unidades com mais de 30 anos, com redução gradativa da “idade”. A proposta chegou ao governo há mais de um ano, com reuniões em vários níveis, mas novamente não avançou.O presidente do sindicato do ABC lembrou que o próprio ministro, quando deputado, tinha uma projeto de renovação da frota.

“A nossa proposta está montada”, disse Rafael. “Isso fortalece a luta do sindicato em preservar os trabalhadores na fábrica”, acrescentou, cobrando uma posição do governo. Sobre o PPE, diante da perspectiva de alguma demora na retomada da atividade, os metalúrgicos sugeriram uso de uma parcela maior do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) nas compensações salariais. A ideia é aumentar o alcance do programa para estimular maior adesão de empresas.

Outro tema do encontro foi a NR-12, que está na mira de entidades empresariais, especialmente a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Recentemente, o ministro interino da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, referiu-se ao instrumento como “anomalia”. Na reunião com os metalúrgicos, o ministro do Trabalho disse não se pretende acabar com a norma. “O ministro disse que o lema dele é ‘direito se preserva e se amplia'”, relatou Miguel. “Pode ter algum problema em relação à aplicação dessa lei, mas ela é valiosa”, observou Rafael, reagindo ao que chamou de “sanha” empresarial em relação à retirada de direitos.

 

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