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Estado brasileiro persegue organização sindical, diz delegado na OIT

Representante dos trabalhadores na conferência critica Ministério Público e Judiciário, além de práticas antissindicais das empresas. Situação política é abordada em tom neutro

OIT reprodução

Plenário da conferência sobre o mundo do trabalho, em Genebra, Suíça

São Paulo – Os trabalhadores brasileiros sofrem “sistemático ataque” à organização sindical por parte do Estado brasileiro, afirmou hoje (8) em seu discurso o delegado da representação sindical na 105ª Conferência Internacional do Trabalho, Sérgio Luiz Leite, o Serginho. Ele citou o Ministério Público do Trabalho e o Poder Judiciário, por sua atuação contra o sistema de financiamento das entidades. Também cita “práticas antissindicais das empresas com os interditos proibitórios para evitar a greve e a ação sindical, dispensa arbitrária de dirigentes sindicais, uma errada interpretação sobre atividades sindicais nas greves, entre outros mecanismos e manobras”.

Primeiro-secretário da Força Sindical e dirigente do setor químico, Serginho lembrou que, devido a reclamações das centrais brasileiras na OIT, foi criado um grupo de trabalho, com governo e empresários, para tentar uma solução negociada. “Porém o diálogo não avançou e as organizações e estruturas sindicais continuam sendo duramente atacadas.”

A situação política brasileira é citada no discurso, em tom de neutralidade, citando divisão de opiniões na sociedade brasileira e no movimento sindical. Mas acrescenta que as centrais “têm buscado a unidade de ação”, destacando o documento Compromisso pelo Desenvolvimento, no qual, juntamente com entidades empresariais, propuseram ainda no ano passado mudanças na política econômica.

“Apesar desse quadro difícil e complexo de nosso país, o movimento sindical brasileiro e os trabalhadores(as) estão comprometidos com a unidade de ação sindical na defesa dos direitos e conquistas dos trabalhadores(as), a negociação coletiva e o diálogo social”, afirma o dirigente no discurso, que faz referência ainda a uma pauta entregue ao governo interino pela “maioria das centrais sindicais”.

Quatro das seis centrais reconhecidas formalmente negociam com o governo: CSB, Força, Nova Central e UGT. A CUT e a CTB recusam-se a sentar-se à mesa, por não reconhecer legitimidade no atual Executivo. As duas fizeram protestos durante o evento.

A bancada dos trabalhadores na delegação da OIT manifesta ainda apoio à reeleição do diretor-geral da organização, Guy Ryder.

Ainda segundo o documento, a globalização contribuiu para o avanço da ciência e da tecnologia, e também para o desenvolvimento econômico em muitos países. “Porém, também têm sido evidentes os efeitos colaterais do processo”, acrescentando, citando crises “econômicas, climáticas, humanitárias e imigratórias”, além do aumento do desemprego, guerras e pobreza.

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