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Com adesão da Ford ao PPE, metalúrgicos encerram greve contra demissões

Adonis Guerra/ABCD Maior Rafael Marques: “A luta e a mobilização de todos mostraram o caminho para salvar o emprego” ABCD Maior – Os trabalhadores na Ford de São Bernardo, no ABC […]

Adonis Guerra/ABCD Maior

Rafael Marques: “A luta e a mobilização de todos mostraram o caminho para salvar o emprego”

ABCD Maior – Os trabalhadores na Ford de São Bernardo, no ABC paulista, decidiram hoje (18) encerrar a greve que já durava oito dias depois de conseguirem reverter 200 demissões. O caminho foi a decisão da empresa em adotar o Programa de Proteção de Emprego (PPE), norma do governo federal que permite a redução de jornada e de salários quando a produção e as vendas estão em baixa. Este é o sexto acordo formalizado na base metalúrgica e o terceiro numa montadora.

“A luta e a mobilização de todos mostraram o caminho para salvar o emprego”, enfatizou Rafael Marques, presidente do sindicato, ao comandar assembleia na manhã desta sexta-feira. Em seguida, os operários voltaram ao trabalho.

O programa terá validade por seis meses e por prazo igual poderá ser prorrogado. Em qualquer desses períodos e mais nos quatro meses seguintes os metalúrgicos terão estabilidade no emprego.

A redução da jornada será de 20%, enquanto a redução salarial ficará em de 10%. Isso porque o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) complementa metade da parcela salarial reduzida.

São 4,5 mil trabalhadores nas fábricas de carros e caminhões em São Bernardo, mas o PPE não servirá a todos, como manutenção e engenharia. O sindicato não soube precisar quantas pessoas estão locadas nesses setores.

Lay-off

No acordo está prevista a adoção de mais um período de lay-off – mecanismo que suspende os contratos de trabalho por prazo determinado. Será a partir de janeiro para 150 trabalhadores. Outros 100 que esse encontram nessa situação terão o tempo de afastamento prorrogado, mas os prazos serão definidos entre sindicato e empresa. Durante o lay-off, o trabalhador fica afastado com os rendimentos mantidos, porém, tem de passar por um período de requalificação profissional.

Conforme o sindicato, a partir do ano que vem está prevista uma nova queda na produção, além da já enfrentada atualmente. Hoje a fábrica produz 35 carros e 13 caminhões por hora. Para efeito de comparação, a unidade já operou com 55 carros por hora. A expectativa é de que em janeiro de 2016 a linha produza 28 carros e mantenha 13 caminhões por hora, causando excedente de 284 funcionários.

Acordos

Acerto semelhante foi aprovado ontem pelos trabalhadores na Volkswagen. Com a Ford, é o terceiro acordo que o sindicato firma com uma montadora no ABC. O primeiro foi na Mercedes-Benz, também depois de um período de greve. Os outros três com empresas de autopeças.

O mecanismo do PPE foi uma sugestão dos metalúrgicos do ABC ao governo federal. Eles basearam-se em instrumento semelhante a um já utilizado por metalúrgicos alemães.

Marques lamenta que a adoção do PPE veio tarde, depois de a produção ter entrado em declínio. A proposta foi apresentada ao governo há quatro anos e a intenção do sindicato era criar uma uma vacina anticrise, de proteção ao emprego se a produção viesse a cair, o que ocorreu.

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