defesa da soberania

Petroleiros fazem greve de 24 horas contra plano de cortes da Petrobras

Mobilização nesta sexta-feira (24) sai em defesa dos empregos e dos investimentos na estatal. Projeto de José Serra que reduz participação no pré-sal também é alvo

Divulgação FUP

Greve é contra Plano de Gestão e Negócios, que visa ao corte de US$ 89 bilhões, além da venda de ativos

São Paulo – Mobilizados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), os trabalhadores do setor de petróleo iniciam greve de 24 horas a partir da zero hora desta sexta-feira (24). O ato representa o início de uma batalha que os petroleiros terão pela frente para impedir o que avaliam como ameaça de extinção de milhares de postos de trabalho, caso a Petrobras ponha em prática seu novo Plano de Gestão e Negócios (2015/2019), que visa ao corte de US$ 89 bilhões em investimentos e despesas, bem como a venda de ativos de patrimônio da companhia, na ordem de US$ 57 milhões.

Além disso, a categoria também tem o desafio de mostrar à sociedade brasileira a importância do pré-sal para o desenvolvimento do país e o que está por trás do Projeto de Lei 131, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que quer tirar da estatal o papel de operadora única do pré-sal, assim como 30% dos blocos já licitados.

“É uma manifestação na linha certa, porque o ataque à democracia em curso no país, com heróis como Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e todo o ataque da mídia tentando atingir no coração o ex-presidente Lula deixam claro, de maneira golpista, o seu repúdio à decisão da urnas de outubro”, afirmou o analista político Paulo Vannuchi em comentário hoje (23) à Rádio Brasil Atual. “Esse tipo de ataque só pode ser repelido através das mobilizações populares nas ruas, nas praças, enfrentando também a articulação da direita, que já planeja para agosto uma terceira etapa daquela mistureba de protestos com o pedido da volta de ditadura e aniquilação de direitos sociais e dos direitos humanos, inclusive.”

O movimento dos petroleiros nesta sexta-feira terá continuidade na terça-feira (28), quando a CUT realiza em Brasília um novo ato contra os rumos da economia. Nesse dia, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) inicia mais uma reunião, e na quarta-feira deve anunciar mais um aumento da taxa básica de juros (selic). “Os aumentos dos últimos meses equivalem a gastos públicos, com recursos do Tesouro, maiores do que todo o resultado dos ajustes do Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda), então, realmente, estamos em pleno ciclo vicioso, girando atrás do próprio rabo, porque é uma política de cortar gastos, investimentos, custeio e esses cortes geram perda de emprego”, disse Vannuchi.

Sobre os cortes previstos no Plano de Gestão e Negócios da Petrobras, Vannuchi afirma: “Em números redondos, em reais, o valor significa cerca de R$ 300 bilhões, representa quatro vezes os ajustes de Dilma e Levy, que já desencadeiam todo um protesto social e toda uma irritação de bases”.

Segundo o analista, a Petrobras faz esse ajuste no contexto de uma empresa que está presente em 17 países, tem 86 mil funcionários, e é responsável por milhares de empregos indiretos. “A empresa produz hoje 2,5 milhões de barris por dia de petróleo ou seu equivalente em gás. A Petrobras tem reservas de 16 bilhões de barris, das maiores do mundo, e a perspectiva dessa reserva se duplicar, ou triplicar, no prosseguimento da descoberta bastante recente do pré-sal, uma descoberta brasileira que tende também a se espalhar pelo mundo inteiro”, afirma.

A Petrobras tem 15 refinarias de petróleo, 134 plataformas, das quais 57 são flutuantes, e o pré-sal especialmente vem batendo recordes a cada mês; em abril, atingiu 800 mil barris por dia. “Só para se ter uma ideia, esse número foi obtido oito anos após a primeira descoberta (do pré-sal), sendo que desde que a Petrobras nasceu demorou 40 anos para atingir no pós-sal esses mesmos 800 mil barris dia”, diz Vannuchi. Ele destaca que a empresa estatal é o grande alvo do ataque liderado pela direita, pela oposição e pelo senador José Serra, com seu projeto no Senado.

A partir do fim da primeira semana de agosto, quando será finalizado o recesso do Congresso Nacional, os petroleiros voltarão à Brasília para retomar a luta contra a aprovação do PLS 131, que também quer entregar o pré-sal às multinacionais. Há cerca de duas semanas, representantes da FUP e seus sindicatos, assim como petroleiros de vários estados do Brasil e integrantes de movimentos sociais, fizeram forte pressão no Senado e conseguiram derrubar o regime de urgência do PL que seria votado na segunda semana do mês de julho. Essa foi a primeira batalha ganha em uma luta que só está começando. A mobilização dos petroleiros em conjunto com os movimentos sociais e outras categorias reverteu, em três semanas, um quadro que estava a favor da aprovação do PLS 131.

O projeto foi remetido para uma Comissão Especial, que terá 45 dias para debater a proposta de Serra. Em seguida, o projeto volta ao plenário para apreciação. “A luta, portanto, continua e, mais do que nunca, é urgente que os petroleiros aumentem a pressão, seguindo o indicativo da FUP de estado de greve e assembleia permanente”, afirma nota no site da FUP, convocando a categoria para o movimento.

Reivindicações dos petroleiros

1 Manutenção de todos os direitos dos trabalhadores

2 Recomposição do efetivo

3 Nova estrutura organizacional

4 Nova política de saúde, meio ambiente e segurança

5 Manutenção da Petrobras Distribuidora S/A

6 Manutenção dos investimentos nos campos maduros

7 Incorporação integral de unidades controladas e subsidiárias (entre elas a Transpetro)

8 Conclusão dos projetos iniciados em 2014 (Abreu e Lima, Comperj, Fafen e plataformas)

9 Manutenção dos investimentos na indústria nacional

10 Disponibilidade Unidades Termelétricas para atendimento das necessidades do país

11 Manifestação de plena condição e de interesse em permanecer como operadora única dos campos do pré-sal

 

Com informações da FUP

Ouça o comentário de Paulo Vannuchi para a Rádio Brasil Atual:

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