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Greve de petroleiros contra corte de investimentos alcança 12 estados

Categoria decidiu parar por 24 horas em protesto contra o novo plano de negócios da empresa, que prevê redução de US$ 89 bilhões nos investimentos e despesas

FUP/ Divulgação

Trabalhadores de Minas Gerais realizam ato em defesa da Petrobras

São Paulo – A greve de 24 horas dos petroleiros contra o novo plano de Gestão e Negócios da empresa – mobilizou 13 sindicatos filiados, alcançou 12 estados e envolveu trabalhadores diretos e terceirizados de unidades operacionais de refino, plataformas marítimas, campos de produção terrestres, terminais da Transpetro, usinas de biodiesel, termoelétricas e áreas administrativas. A categoria decidiu parar por 24 horas em protesto contra o novo plano de negócios, que prevê cortes de US$ 89 bilhões nos investimentos e despesas da empresa, além de venda de ativos que poderá reduzir em US$ 57 bilhões o patrimônio da estatal. Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), isso significará o desmantelamento do Sistema Petrobras, colocando em risco empregos e conquistas sociais.

A FUP e sindicatos filiados também lutam contra o Projeto de Lei (PLS) 131, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que pretende tirar a Petrobras da função de operadora única do pré-sal e acabar com a participação mínima de 30% que a empresa legalmente tem sobre os campos de petróleo desta região.

Essa é a primeira ação de uma grande mobilização nacional aprovada em assembleias pelos petroleiros. Entre 3 e 7 de agosto, a FUP e sindicatos filiados realizarão um encontro nacional, em Brasília, onde discutirão novo calendário de paralisações.

Para a federação, a Petrobras está fazendo uma opção pelo mercado. “Sem papas na língua, os gestores deixaram claro o objetivo maior do Plano de Negócios 2015-2019, ao admitirem que a prioridade é reduzir o endividamento e aumentar a rentabilidade imediata para os acionistas. Não se importam nem um pouco com o desemprego em massa e a quebra da cadeia produtiva da indústria nacional”, diz a entidade, em nota.

Balanço

No Amazonas, a greve começou na principal unidade da Petrobras no estado, a Refinaria de Manaus (Reman), onde o turno foi suspenso às 23h de ontem. Nas demais unidades do estado, entre elas Serviço Compartilhado, Terminal Sede da Transpetro, Terminal Aquaviário e sede da Engenharia, a greve também teve grande adesão tanto nas áreas operacionais como nas administrativas.

Todas as bases do Sistema Petrobras no Rio Grande do Norte aderiram à greve. Nas sedes administrativas de Mossoró e Natal, a paralisação teve adesão de 90% dos trabalhadores próprios e terceirizados. Pela manhã, representantes do sindicato bloquearam a BR 304, que dá acesso à base de Mossoró, onde ficam os campos de produção terrestre. Nas plataformas marítimas, o movimento de greve também foi intenso e houve suspensão de Permissões de Trabalho desde as 7h de hoje. No Polo de Guamaré, que recebe e processa toda a produção de petróleo do estado, houve troca de turno e os trabalhadores que permaneceram realizaram operações-padrão.

No Ceará, os petroleiros cortaram a emissão da permissão de trabalho nas plataformas marítimas, na Petrobras Biocombustível, na Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor) e no terminal da Transpetro. A greve teve adesão de trabalhadores das áreas operacionais e administrativas em todo o estado.

Trabalhadores próprios e terceirizados das unidades do Sistema Petrobras de Pernambuco aderiram massivamente à greve horas. Na Refinaria Abreu e Lima, 100% dos petroleiros participaram, desde as 23h de ontem. O mesmo aconteceu no Terminal de Suape (Transpetro), onde foi mantida apenas uma das 15 operações. Os petroleiros cortaram o abastecimento e a transferência de derivados. O terminal foi mantido apenas com o quadro mínimo de trabalhadores para preservar a segurança operacional da unidade. Na manhã desta sexta, os petroleiros do Gasoduto de Jaboatão também aderiram à greve, mantendo na unidade somente o quadro mínimo. Na sede administrativa da Petrobras, em Recife, a adesão à greve foi de 60%, segundo a FUP.

A forte chuva em Salvador não inibiu os trabalhadores baianos de antecipar a greve de 24 horas, que teve início às 19h de ontem. Os trabalhadores se articularam para evitar a troca do turno. A estratégia deu resultado e não houve rendição no turno da zero hora. Ao todo, 80% dos petroleiros aderiram ao movimento, segundo o sindicato do estado. Em muitas unidades do Sistema Petrobras na Bahia, os petroleiros não chegaram a ir trabalhar. Os ônibus do turno e do administrativo chegaram às unidades praticamente vazios.

No Espírito Santo, todas as unidades operacionais do estado tiveram corte de turno a partir da zero hora de hoje. Os trabalhadores da Unidade de Tratamento de Gás (UTG) de Linhares, Sul, Anchieta, além dos terminais da Transpetro Barra do Riacho, em Aracruz, não fizeram a troca de turno e realizaram apenas operações-padrão. O pátio de estocagem de equipamento de apoio marítimo às plataformas também foi paralisado. No edifício sede da Petrobras em Vitória, a paralisação começou às 5h.

No Rio de Janeiro, em Duque de Caxias, o corte do turno começou às 23h de ontem. O Sindipetro Caxias montou um acampamento na frente das unidades, onde foram realizados atos sobre a importância da defesa da Petrobras e do Pré-Sal. Movimentos sociais, estudantes e trabalhadores de outras categorias participaram das mobilizações, em solidariedade à greve dos petroleiros. Na Bacia de Campos, no Norte do estado, 25 plataformas aderiram à greve, das quais 17 tiveram a operação entregue aos prepostos.

Os trabalhadores das bases do Sindipetro Unificado-SP não realizaram troca de turno em nenhuma das unidades operacionais. Eles aderiram ao movimento nas bases paulistas de Barueri, São Caetano, Guararema, Guarulhos, Ribeirão Preto, nas mineiras Uberaba, Uberlândia e em Senador Canedo (GO) e Brasília. Nas áreas administrativas, a greve também teve adesão de trabalhadores próprios e terceirizados.

Em Minas Gerais, a greve começou às 23h30 de ontem com o corte da troca de turnos na Refinaria Gabriel Passos (Regap), na Termoelétrica Aureliano Chaves, na Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros, e no terminal da Transpetro, em Juiz de Fora. Segundo o sindicato, o movimento teve grande adesão de trabalhadores das áreas operacionais e administrativas, inclusive os terceirizados. Na manhã de hoje, o Sindipetro de Minas realizou um ato em em frente à Regap.

Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina aderiram à greve na refinaria e nos terminais da Transpetro (Tepar, Teguaçu, Tefran, Tejai e Temirim), na Unidade de Industrialização de Xisto (Six) e nas unidades administrativas, com adesão dos trabalhadores próprios e terceirizados. Na base do Sindiquímica-PR, a paralisação começou às 23h30 de ontem e também teve grande adesão, segundo a entidade. No Rio Grande do Sul, a greve começou à zero hora e contou com forte participação, informou o Sindipetro local.