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Radialistas da TV Cultura mantêm greve contra calote no abono e parte de reajuste

Paralisação iniciada sexta-feira (19) conta com adesão de 80% dos radialistas da emissora, segundo o sindicato

Sindicato dos Radialistas

Trabalhadores em greve vêm realizando piquetes e atos desde a última sexta-feira na sede da emissora

São Paulo – Trabalhadores da área técnica da Rádio e TV Cultura aprovaram hoje (22) a continuidade da greve iniciada sexta-feira (19) contra o não pagamento de parte do reajuste e da totalidade do abono salarial acertado no acordo coletivo 2014/2015 dos radialistas. “Vínhamos tentando negociar isso desde março, mas até já firmamos um novo acordo coletivo (para 2015/2016) e ainda não há perspectiva sobre o acerto desses valores”, afirmou o diretor-coordenador do Sindicato dos Radialistas de São Paulo, Sérgio Ipoldo.

Segundo Ipoldo, a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da Rádio e TV Cultura, repassou 5,2% de um reajuste acordado em 5,85% e não efetuou o pagamento do abono no valor de 50% do salário-base de cada trabalhador, que devia ter sido pago em maio. “Acertamos algumas datas-limite em 12 e 18 de junho, mas a empresa simplesmente se nega a pagar. A categoria não teve alternativa senão a greve”, afirmou.

A categoria vai ficar em assembleia permanente, podendo a qualquer momento realizar reuniões para decidir os rumos do movimento.

Na quarta-feira (17), foi fechado o acordo para 2015/2016 entre o sindicato dos trabalhadores e o patronal. O reajuste dos salários ficou em 7,21%, o reajuste do piso salarial foi de 8,34% e ficou acertado um novo abono de 50% dos salários a ser pago em maio do ano que vem. “Tememos que estes valores também não sejam integralmente pagos. É um desrespeito muito grande à categoria”, disse Ipoldo.

A justificativa da empresa, segundo os trabalhadores, é que o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado (Codec), órgão da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, vetou os pagamentos sob a alegação de que o governo estadual está com problemas financeiros e queda de arrecadação. A fundação não retornou os contatos da RBA.

Essa é uma situação que se repete com outras categorias e que levou a questionamentos no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região sobre a atuação do órgão, durante negociações da campanha salarial dos trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp) pediu que o tribunal interviesse para garantir o pagamento do salário mínimo da categoria, que o Codec vem negando repetidamente.

“É uma situação muito difícil. Por que um órgão que não participa das negociações, não dialoga com ninguém, define o que pode ou não pode nos acordos trabalhistas?”, questionou Ipoldo.

Além das questões salariais, os trabalhadores reclamam de outros problemas, como acúmulo de função, não pagamento de horas extras, contratação de trabalhadores em regime pessoa jurídica e contratação de estagiários para cumprir funções trabalhadores regulares. “Mas o estopim foi o não pagamento”, ressaltou o sindicalista. De acordo com a Lei 7.783, de 1989, que regulamenta o direito de greve, é legal a paralisação para reivindicar cumprimento de acordo coletivo.

“Todo o funcionamento dos últimos dias, por exemplo, tem sido realizado por profissionais em cargos de confiança e outros que foram desviados de suas respectivas funções. Mas esses desvios têm ocorrido cotidianamente”, disse o sindicalista. Ipoldo destacou que hoje a Fundação Padre Anchieta tem hoje cerca de 900 funcionários e responde a pelo menos 500 ações trabalhistas.

A categoria avaliou que a adesão dos trabalhadores está na casa dos 80%. E pode se intensificar nos próximos dias, já que o Sindicato dos Jornalistas está discutindo a adesão da categoria à paralisação pelos mesmos motivos dos radialistas.