Acordo

Metroviários de São Paulo aceitam proposta e encerram campanha salarial

Em audiência na tarde de hoje (1º), o Metrô melhorou oferta, mas condicionou pagamento de participação nos resultados ao alcance de metas

São Paulo – Em assembleia realizada na noite de hoje (1º), os metroviários de São Paulo decidiram aceitar a proposta feita pela Companhia do Metropolitano (Metrô), na segunda audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região. O índice de reajuste ficou em 8,29%, considerando a reposição da inflação medida pela Fipe, de 7,21%, mais 1% de ganho real. Antes a companhia tinha proposto apenas a reposição da inflação. O Metrô também melhorou o reajuste de vales alimentação (VA) e refeição (VR), para 10%.

Assim, o VR vai de R$ 669,36 a R$ 735,90. Já o VA passa de R$ 290 para R$ 319, com a manutenção da cota extra atrelada ao 13º salário. A data-base da categoria é 1º de maio.

Um ano após a maior greve da história do Metrô paulista, que paralisou os serviços entre 5 e 9 de junho de 2014, poucos acreditavam que os trabalhadores teriam ganhos reais neste ano. Os trabalhadores pediam também a reintegração dos demitidos na greve, adicional de periculosidade para os orientadores de estação e reestruturação do plano de cargos e salários da categoria. Com exceção dos demitidos na paralisação, os demais itens continuarão sendo discutidos no núcleo de conciliação do tribunal.

Um dos principais pontos de divergência na negociação foi a proposta da companhia de atrelar o pagamento do Programa de Participação nos Resultados (PPR) a um conjunto de metas não discutidas com os trabalhadores. O Metrô alega que precisa se adequar ao Decreto estadual 59.598, de 2013, que determina que a PPR não pode ter valor mínimo isento do cumprimento de metas.

Hoje, se o trabalhador deixa de atingi-las, recebe um valor mínimo pré-fixado. E as metas se aplicam somente à parcela variável da PPR, equivalente a 40% do salário. Com a mudança, tanto a parcela fixa quanto a variável seriam afetadas, e deixaria de existir o valor mínimo, podendo deixar os trabalhadores sem o benefício.

Entre as metas apresentadas está o índice de satisfação do cliente, que tem de estar acima de 92%. Outro ponto é que a média de quilometragem rodada por cada trem, entre a ocorrência de falhas, tem de ser de 5 mil quilômetros. “Se as pessoas andam em trens lotados, com falhas, isso afeta a satisfação. Mas os trabalhadores não têm como interferir nisso. É uma questão de investimento. Isso só cabe à empresa”, defendeu o secretário-geral do Sindicato dos Metroviários, Alex Fernandes.

A desembargadora Ivani Bramante, que media as reuniões, considerou incorreta a postura do Metrô. “As metas apresentadas escapam ao controle do trabalhador”, argumentou. Para ela, se o ponto não fosse resolvido em acordo, dificilmente passaria em um julgamento no TRT.

Após a mediação da desembargadora, os representantes do Metrô telefonaram para instâncias superiores do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Ficou definido que o Metrô vai pagar um valor mínimo da PPR, de R$ 5.263,90, sem incidência das metas, com pagamento total em 28 de fevereiro do ano que vem. As metas já estabelecidas vão incidir somente na parcela variável. A partir de 2016, as metas serão definidas conforme negociação entre trabalhadores e empresa, no núcleo de mediação do TRT. A PPR terá correção dos mesmos 8,29% do salário, aplicável tanto à parcela fixa como à variável.