1º de Maio

Sindicatos da CUT no ABC organizam dois atos em São Bernardo

Atividades tiveram vários shows musicais. Trabalhadores manifestaram preocupação com o projeto sobre terceirização

São Bernardo do Campo – Os trabalhadores de São Bernardo, cidade conhecida como berço do novo sindicalismo, comemoram nesta sexta-feira (1º) o Dia do Trabalho com duas festas. A comemoração, que é organizada pela CUT e seus 16 sindicatos filiados, ganhou cara de protesto e preocupação por conta do Projeto de Lei 4.330, que libera a terceirização em todos os setores da economia. O projeto de lei foi aprovado na Câmara dos Deputados e está no Senado para votação. Apenas o PT, PCdoB e Psol votaram contrários à proposta.

Trabalhadores lembraram a importância dos sindicatos e da presidenta Dilma Rousseff neste debate para não deixar retroagir e perder os direitos trabalhistas conquistados há décadas, e que são lembrados nesta data.

“Nos, trabalhadores, não podemos deixar isso acontecer. Eu estou quase aposentando, mas as próximas gerações serão de escravos. Não terão direito algum. Acredito que o Dia do Trabalho neste ano tem de ser dia para relembrar todas as nossas conquistas e explicar à população, principalmente para os mais jovens, o querem acabar com essas conquistas”, avaliou o servidor público Edvaldo Sousa Santos, 48 anos, morador do Jardim Palermo.

O Projeto de Lei 4.330 permite a terceirização da atividade-fim das empresas. Na prática, a proposta aumenta a terceirização do país – hoje só alguns serviços podem ser terceirizados – e pode acabar com o regime Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ou seja, 13º salários e férias, entre outros benefícios.

A metalúrgica Patricia Souza, que acompanhava os shows do Jardim Palermo, mostrou-se preocupada com a aprovação do projeto e lembrou que poderá perder os direitos trabalhistas caso seja mantida a proposta aprovada em Brasília.

“É importante fazer esses eventos nos bairros. Muitas pessoas não podem ir ao centro da cidade para comemorar. Acredito que fazer essas duas festas é uma maneira de informar os trabalhadores dos riscos que estamos correndo”, disse a metalúrgica após acompanhar o show da cantora Negra Li.

Posição

Lideranças sindicais lembraram da importância de relembrar as conquistas dos trabalhadores na última década e dos desafios que precisam ser conquistados.

A festa tem como tema Em defesa do Emprego e Democracia. “Hoje também é dia de luta pelo emprego e pela democracia. Ditadura nunca mais”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Moisés Selerges.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Paulo Cayres, o Paulão, lembrou que os trabalhadores não irão abrir mãos de seus direitos e irão para às ruas protestar e não deixar aprovar o retrocesso no país.

Reafirmou que mais milhares de trabalhadores irão para as ruas nas próximas semanas quando o Projeto de Lei 4.330 for votado no Senado. “Historicamente nós participávamos de todo 1° de Maio para chorar pela falta de direitos. Mas hoje é diferente porque estamos aqui celebrando nossas conquistas. Também não abrimos mão de continuar avançando por direitos e empregos e contra o Projeto de Lei 4330, que destrói os direitos dos trabalhadores”, afirmou o presidente.

Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Rafael Marques, disse ser uma “insanidade” de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, impor esse projeto à nação.

Antes, no ato do Vale do Anhangabaú, o presidente da CUT, Vagner Freitas, conclamou pela organização de uma frente de esquerda para se colocar contra os retrocessos na política e anunciou mais um dia nacional de paralisações, 29 de maio. Já o ex-presidente Lula, no mesmo ato, sugeriu que a presidenta Dilma vete o projeto.

Os atos ocorrem no Jardim Palermo e Jardim do Lago, com shows musicais gratuitos. Entre os artistas confirmados estão Arlindo Cruz, GOG, Edi Rock, Almir Guineto, Yzalú, Turma do Pagode, Negra Li, Dudu Nobre, Dexter e Rappin Hood.

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