Intransigência

Butantan rejeita acordo, e greve contra novo sindicato entra no quarto dia

Em audiência, advogada avalia que representantes do empregador buscam sindicato com convenção coletiva 'menos pesada'. Juiz deu cinco dias para a Fundação apresentar defesa

Marcos Santos/USP Imagens

Voltado à pesquisa de imunobiológicos, Butantan enfrenta greve contra retrocessos trabalhistas

São Paulo – A Fundação Butantan, entidade de direito privado que administra o Instituto Butantan, órgão público subordinado à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, não aceitou acordo em audiência de conciliação realizada hoje (12), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região. Desde a última sexta-feira (8), os trabalhadores da pesquisa, manutenção e produção de vacinas e soros entraram em greve contra a mudança de sindicato imposta pela direção.

Atualmente, os 1.200 trabalhadores são representados pelo Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo (CUT). Há cerca de duas semanas, a direção da Fundação informou aos empregados um novo enquadramento sindical, com a orientação de que eles deveriam se filiar ao Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado de São Paulo (Senalba), filiado à Força Sindical.

Pelo informativo, os trabalhadores foram informados de perdas de direitos e benefícios conquistados desde que o atual sindicato assinou convenção coletiva com o Butantan, em 2010.

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Apesar da falta de consenso, o Sindicato dos Químicos avalia como positivo o resultado da audiência de hoje. Segundo a assessora jurídica Elaine D´Ávila Coelho, as intenções da direção da Fundação ficaram evidentes. “Sem levar defesa, os representantes da Fundação deixaram clara a postura contrária à negociação e demonstraram pouco caso com a paralisação da produção”,afirma a advogada. “Mesmo com a disposição do sindicato de abrir mão de algumas cláusulas, eles foram firmes na posição, deixando para a Justiça decidir.”

A Fundação tem prazo de cinco dias para apresentar sua defesa. Para a assessora jurídica, o posicionamento deixou claro dois aspectos. O trabalhista, com viés econômico, com a resposta dos representantes de que a convenção coletiva dos químicos “é pesada”, e o político. “Querem um sindicato menos combativo”, diz Elaine.

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De 2010 para cá, o atual sindicato denunciou uma série de irregularidades na Fundação, que culminou com uma denúncia formal, em 2014, pelo então senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O parlamentar enviou cartas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao Ministério Público, Tribunal de Contas do estado e outros órgãos, cobrando investigação.

Amanhã, às 7h30, os trabalhadores vão realizar assembleia para discutir os rumos da paralisação.

Procurada, a direção da Fundação não atendeu a reportagem.