em greve

Apeoesp responde a Alckmin: ‘governo quer derrotar os professores’

Sindicato considera inaceitável nota emitida pela Secretaria Estadual da Educação na sexta (29), após assembleia que definiu continuidade da greve, que já é a mais longa da categoria

Luiz Carvalho / CUT

Diante do silêncio de Alckmin, professores estaduais decidiram pela continuidade da greve

São Paulo – A Apeoesp, entidade que representa os professores da rede pública estadual paulista, emitiu nota oficial em que repudia outra nota, da Secretaria de Educação do estado, que na noite de ontem (29) voltou a negar o movimento dos trabalhadores, acusando a estes de intransigência.

A nota foi publicada logo após a assembleia que deliberou a continuidade da greve, que já é a mais longa da história da categoria.

Leia a íntegra da nota:

O Governo estadual não quer resolver os problemas da educação. Quer derrotar os professores

Recheada de inverdades, a nota diz que professores “comemoraram” a duração da greve. Jamais. Só tempos a lamentar que a atuação de um Governo autoritário, insensível, truculento e incompetente faça com que os professores e professoras, mesmo enfrentando o desconto salarial, sejam obrigados a permanecer mais de oitenta dias em greve para tentar obter aquilo que é normal em qualquer democracia: o diálogo e a negociação.

A greve dos professores não está isolada, nem desconectada da realidade. Isolado e desconectado está o Governo do Estado de São Paulo, encastelado em gabinetes e desconhecedor da situação existente nas escolas estaduais. Com o desconto ilegal dos dias parados, o fato de uma parte dos professores retornar às salas de aula não significa apoio nem conformismo diante das políticas do Governo.

É lamentável que a preocupação do Governo Estadual seja derrotar a APEOESP e os professores. Não conseguirá! Não derrotará nossas consciências, nosso espírito de luta, nosso compromisso com a escola pública. Esta sim, cada vez mais derrotada com os desmandos do Governo.

Não cabe ao Governo estadual avaliar a representatividade das entidades. A APEOESP tem quase 190 mil associados e representa de forma legítima os professores estaduais. Outras entidades, somadas, não chegam a este número de filiados. Cada uma escolhe seus métodos e suas estratégias, mas não aceitamos que nenhuma outra entidade fale pela nossa base, que está em greve e não aceita conchavos a portas fechadas e na calada da noite.

Como homens públicos, o Governador e o Secretário da Educação deveriam buscar soluções para a greve. Em vez disso, recusam-se a marcar reuniões e negociar e tentam asfixiar os professores com corte de salários e o sindicato com multas de alto valor. Não houve sete reuniões de negociação, mas apenas três em quase oitenta dias de greve. Na prática, nada foi negociado, porque o Secretário da Educação empurra o caso com a barriga, sem anunciar nenhum índice salarial e sem concretizar nenhuma proposta.

Temos compromisso com nossos alunos e queremos repor os conteúdos não ministrados durante a greve, pois o funcionamento de muitas escolas é apenas de fachada, sem aulas regulares nas disciplinas onde os professores estão em greve. Cabe ao Governo viabilizar, pela negociação conosco, as formas de fazê-lo. Por isso estamos lutando nos tribunais para que sejam estornados os valores descontados e para que não hajam novos descontos, pois nossa greve não foi considerada ilegal.

Nossa greve continua até o momento em que os professores e professoras – e não o Governo Estadual – definirem.

Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP