contra demissões

Metalúrgicos cobram programa de renovação da frota de caminhões do governo federal

Cerca de 200 trabalhadores fizeram manifestação diante da sede do Ministério da Fazenda em São Paulo para pressionar Joaquim Levy a implementar o programa

Roberto Parizotti/CUT

Trabalhadores não querem esperar efeitos do pacote fiscal e exigem que governo federal estimule a indústria

São Paulo – Cerca de 200 trabalhadores do setor metalúrgico cobraram hoje (2) que o Ministério da Fazenda implemente o programa de renovação da frota de caminhões, proposto pela categoria no início do ano, com o objetivo de manter o mercado aquecido e garantir cerca de 40 mil empregos diretos e indiretos. Reunidos diante da sede do ministério em São Paulo, na Luz, região central da cidade, eles entregaram uma pauta de reivindicações, reafirmando a proposta e cobrando o ministro Joaquim Levy a implementar o programa.

“A proposta passa por um estímulo à compra para os caminhoneiros autônomos, com financiamento a longo prazo e redução de juros. Além dos metalúrgicos, vai beneficiar os trabalhadores caminhoneiros”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres.

Segundo o sindicalista, hoje existem cerca de 200 mil caminhões no Brasil – 7% da frota – com mais de 30 anos, que poderiam ser alvo do programa. A perspectiva é de que poderiam ser trocados 20 mil veículos por ano, o que estenderia o processo ao longo da década. “Imediatamente, manteríamos em seus postos de trabalho cerca de 5 mil trabalhadores do setor de caminhões. Só no ABC temos hoje 1.200 que podem ficar desempregados. A longo prazo, estamos falando de cerca de 20 mil postos de trabalho diretos, quase 40 mil indiretos.”

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, instituir o programa é um sinal importante para a economia, que está frágil. “O programa beneficiaria toda a indústria metalúrgica e toda cadeia envolvida na produção de caminhões. Esse é um programa que tem impactos na infraestrutura brasileira”, defendeu.

O ABC paulista é o maior polo produtor de caminhões do país, onde estão empresas como Scania, Mercedes-Benz e Ford. Também participaram do ato trabalhadores da DAF e da Volvo, do Paraná, da Iveco, de Minas Gerais, e da MAN, do Rio de Janeiro.

Segundo Marques, a presidenta Dilma Rousseff, empresários e vários ministérios aceitam a proposta. “O que não podemos é ficar esperando o Ministério da Fazenda decidir se implementa ou não. Viemos aqui pressionar o ministro Joaquim Levy a lançar o quanto antes este programa”, completou.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, considera que a ação é uma parte do enfrentamento ao pacote fiscal e às medidas de corte de gastos do governo federal. “Queremos uma política econômica que estimule o desenvolvimento. Que tenha financiamento para as empresas brasileiras, que valorize o conteúdo local. O que consequentemente vai criar empregos para a população. Não há desenvolvimento sem política industrial”, afirmou.

Os trabalhadores estão preparando uma manifestação para o próximo dia 7, em Brasília. “Nós achamos que, neste início de governo, está faltando este olhar para o emprego e o desenvolvimento da indústria nacional. Estamos tendo demissões na categoria metalúrgica e em outros setores da produção. Não podemos esperar o ajuste para começar a crescer daqui a um ano. O Brasil é muito grande e tem de seguir crescendo.”