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Curitiba: sem acordo definitivo, professores do Paraná mantêm greve

Negociação conquista avanços, mas governo Beto Richa insiste em prolongar atrasos de pagamentos. Nova reunião deve ser marcada para o início da próxima semana

© Joka Madruga/Futura Press/Folhapress

Comissão dos professores encontram representantes do governo do Paraná: avanços, mas questões importantes a resolver

Curitiba – Depois de quase seis horas de reunião, terminou sem acordo definitivo a segunda rodada de negociações entre representantes do governo do Paraná e dos professores em greve há 12 dias no Estado. Os dois lados confirmaram que houve avanços nas discussões ocorridas naa tarde desta sexta-feira (20) no Palácio Iguaçu, mas não o suficiente para encerrar o impasse entre governo e professores. Uma terceira rodada de negociações será realizada no início da próxima semana, ainda sem data e horário definidos. Com isso, continua a greve dos professores estaduais , assim como o acampamento permanente montado pelos grevistas no Centro Cívico de Curitiba, o coração dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Paraná.

Os avanços ocorridos hoje dizem respeito ao porte das escolas e à nomeação de mais de mil profissionais do ensino concursados. Voltará a ser considerado como parâmetro o porte das escolas estaduais paranaenses em dezembro de 2014, o que deve resultar em reabertura de turmas e até mesmo de instituições de ensino fechadas no início deste ano.

Quanto à nomeação dos mais de mil professores e pedagogos concursados, a medida deve ter efeito imediato, segundo entendimento do presidente da APP Sindicato, Hermes Leão. Os funcionários concursados em questão tiveram a nomeação revertida dias depois de terem assumido suas funções no ano passado.

Já os impasses que impediram um acordo definitivo estão relacionados principalmente com os terços de férias atrasados e com as promoções e progressões que deveriam ter sido efetivadas no segundo semestre do ano passado.

“Uma assembleia ainda não vai ser convocada. Vamos fazer uma avaliação mais completa no conselho estadual da APP Sindicato amanhã (21), avaliaremos toda a pauta e os debates dessas duas reuniões com o governo, mas há itens que ficaram para um esforço de avanço” no início da próxima semana, declarou Hermes Leão. “Enquanto isso, a greve continua.”

Apesar da falta de um acordo definitivo, o governo afirma que cumprirá os compromissos já assumidos com os professores, entre eles a nomeação dos concursados e o pagamento de R$ 82 milhões nas rescisões de contrato de cerca de 29 mil professores temporários dispensados em dezembro.

“Não vamos assumir despesas sem que haja perspectiva de receitas”, argumentou o secretário-chefe da Casa Civil paranaense, Eduado Sciarra, ao defender a insistência do governo em parcelar em duas vezes os R$ 144 milhões em terços de férias que deveriam ter sido pagos aos professores entre dezembro em janeiro. O governador tucano Beto Richa, que não participa diretamente das negociações, insiste em pagar os terços de férias atrasados em duas parcelas iguais, em março e em abril.

Por seu lado, Leão lembra que ainda ontem conselheiros, procuradores e auditores do Tribunal de Contas paranaense aprovaram a adição aos próprios salários de um auxílio-moradia de R$ 4,7 mil mensais. Para o dirigente, a manobra no TCE é “uma afronta”. “Como o estado tem dinheiro para pagar este benefício e não tem para a educação?”