Greve

Superintendente do Trabalho critica postura do Metrô de São Paulo na negociação

Presidente do sindicato admite negociar proposta de reajuste a partir de 10%. Entidade reafirmou que os trabalhadores voltariam aos seus postos se o governo aceitasse a proposta de catraca livre

Ale Vianna/Brazil Photo Press/Folhapress

Metroviários fecharam entrada dos pátios onde ficam estacionados os trens do Metrô na manhã de hoje

São Paulo – O superintendente regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, afirmou na manhã de hoje (5) que a direção do Metrô precisa ser menos intransigente na negociação salarial com o Sindicato dos Metroviários, após reunião em que tentou intermediar um acordo entre as partes. “O Metrô não mandou ninguém para esta reunião que tivesse poder de decisão. Nós acreditamos que não está difícil um acordo, se a estatal tiver boa vontade”, disse Medeiros. Às 15h30, haverá uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no centro, para tentar fechar um acordo.

“Se não houver conciliação à tarde, nós faremos uma proposta de conciliação para as partes”, afirmou Medeiros. Para ele, a abertura de negociação das propostas dos Metroviários não estão fora da realidade. O sindicato havia reivindicado inicialmente um reajuste de 35,47% – baseado em um estudo solicitado ao Dieese –, mais 13,25% de reajuste no Vale-Refeição (VR), Vale Alimentação de R$ 379,80 – ante os R$ 247,69 pagos hoje – plano de carreira para os seguranças, plano de saúde para os aposentados e novas contratações para cobertura de vagas em aberto.

O Metrô, que enviou um advogado e um gerente de recursos humanos para a reunião, apresentou contraproposta de 8% de reajuste e vale-alimentação de R$ 290. Embora não tenham falado com os jornalistas, eles informaram a Medeiros que a estatal vai reavaliar a proposta para a reunião de hoje à tarde.

O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, disse que aceita negociar um reajuste a partir de 10%. “Temos disposição de negociar. Em qualquer momento que o governo do Estado quiser conversar, vamos. Seja antes ou depois da audiência de hoje à tarde. Mas não podemos aceitar nada abaixo de 10%. A categoria jamais aprovaria isso”, afirmou.

O sindicalista voltou a afirmar que a categoria volta ao trabalho se o governador Geraldo Alckmin aceitar a liberação das catracas. “Alguma pressão nós temos de ter. Não existe negociação salarial sem isso. Podemos trocar a paralisação pela catraca livre. Se o governador aceitar, voltamos imediatamente”, afirmou.

A Justiça promulgou liminar na noite de ontem (4) exigindo que os trabalhadores mantenham 70% da frota em funcionamento no horário regular e 100% no horário de pico. O presidente do sindicato afirmou que a decisão foi emitida após a assembleia, e a comunicação entregue apenas na manhã de hoje. E completou que se a Justiça for multar o sindicato por não ter 100% dos trens em operação, teria de multar a companhia todos os dias. “Não existe 100% da frota em operação no Metrô”, afirmou. À TV Globo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que pode entrar com ação para que a greve seja considerada irregular, já que considera que não foi cumprida a condição de que 70% da frota estivesse em operação.

Os trabalhadores terão assembleia as 17h para analisar o resultado da audiência no TRT e decidir o rumo da greve. O Metrô entrou com ação no Ministério Público do Trabalho na manhã de hoje, pedindo que a greve seja declarada abusiva pela Justiça do Trabalho.

Na manhã de hoje, as linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha amanheceram fechadas, e pequenos trechos foram sendo liberados até as 11h20. A linha 5-Lilás, que opera entre Capão Redondo e Santo Amaro, na zona sul da cidade, opera integralmente com o apoio de técnicos redirecionados pelo Metrô para o local. A linha 4-Amarela, que foi privatizada, opera normalmente. A prefeitura acionou o Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) para suprir a demanda de alguns locais.

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