Greve

Metroviários denunciam governo de São Paulo por repressão policial e coação

Tropa de Choque invadiu a estação Ana Rosa e usou balas de borracha, bombas, gás lacrimogêneo e cassetetes. Um metroviário acabou detido pelos policiais

Cena de vídeo feito por metroviários mostra agressão da Tropa de Choque contra grevistas que faziam piquete

São Paulo – Os metroviários de São Paulo afirmam que, no início da manhã de hoje (6), às 5h, a direção da Companhia do Metropolitano (Metrô) acionou a Polícia Militar para reprimir os mais de 100 trabalhadores que organizavam piquete no pátio da estação Ana Rosa, região da Vila Mariana, zona sul da cidade, que é central para o funcionamento das linhas 1-Azul e 2-Verde. Às 5h30, a Tropa de Choque chegou ao local e, às 6h30, ocupou o mezanino, reprimindo os grevistas. Segundo os trabalhadores, a PM também foi enviada à estação Bresser-Mooca, na Linha 3-Vermelha, zona leste.

A Tropa de Choque invadiu a estação Ana Rosa e usou bombas, gás lacrimogêneo e cassetetes. Três policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) prenderam um metroviário na rua Joaquim Távora, nas proximidades da estação. Um vídeo da equipe do Mídia Ninja registra o momento em que a Tropa de Choque avança contra grevistas, que faziam piquete na estação:

O Sindicato dos Metroviários também denuncia o governo de Geraldo Alckmin e a direção do Metrô de São Paulo por coação aos supervisores que operam o sistema durante a greve. “São funcionários de escritórios, sem treinamento para operar o Metrô, pessoas que o governo do estado coloca para furar a greve. Eles estão sendo coagidos a entrar nas estações. Alguns deles estão visivelmente abalados, sem qualquer condição de operar um trem”, dizem representantes da categoria.

“É uma irresponsabilidade do governo, que coloca a vida da população em risco, forçar esses supervisores a trabalhar. O governo diz que é voluntário, mas eles estão visivelmente coagidos”, comentou um dos grevistas.

A greve continua nesta sexta. Os metroviários reivindicam aumento salarial de 16,5%. Ontem (5) em nova tentativa de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), eles rejeitaram oferta de 8,7%. A direção da empresa não apresentou propostas novas para negociar.

Ainda ontem, em assembleia, a categoria – que chegou a propor ao governo o dia de hoje com catracas livres nas estações – decidiu pela continuidade da paralisação e dos piquetes.

Funcionamento

Apenas uma das cinco linhas do Metrô funcionava normalmente no começo do dia: a via Amarela, operada pelo setor privado, na ligação entre a estação da Luz e a zona sul. Por volta das 5h30, começaram a circular os trens da Linha 5-Lilás, entre o Capão Redondo e o Largo Treze, na zona sul.

Só duas horas mais tarde é que os usuários puderam acessar, parcialmente, as demais linhas: a 1-Azul, entre as estações Paraíso e Luz; a Linha 2-Verde, entre as estações Paraíso e Clínicas, e a Linha 3-Vermelha, entre as estações Bresser e Santa Cecília.

Mais uma vez a prefeitura decidiu suspender o rodízio de veículos. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) havia, às 8h, 133 quilômetros de vias congestionadas.

Em algumas regiões, a alternativa foi recorrer aos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que opera com intervalo reduzido. Há, porém, um bloqueio na estação Corinthians-Itaquera, Linha 11-Coral, onde os acessos são compartilhados com o Metrô da Linha 3-Vermelha. Segundo a CPTM, na integração com a Linha 4-Amarela, nas estações Pinheiros e Luz, foi adotado controle do fluxo de pessoas nos pontos mais movimentados.

A empresa informou, ainda, que solicitou a mudança de itinerário dos ônibus com destino à Corinthians-Itaquera, para redistribuir os coletivos nas demais estações e evitar aglomerações.

A São Paulo Transporte (SPTrans) informou que, a exemplo de ontem, foi reforçada a frota de ônibus do Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência (Paese).

Com informações da Agência Brasil