Greve em São Paulo

Metrô e trabalhadores aguardam julgamento; sindicato quer ajuda de Dilma

Com propostas mantidas e rejeitadas, dissídio será julgado às 10h deste domingo no TRT. Sindicato disse que vai pedir intermediação da presidenta, para que ela converse com o governador paulista

São Paulo – Sem retomada de negociações entre o Sindicato dos Metroviários de São Paulo e a Companhia do Metropolitano (Metrô), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região julga amanhã (8) a greve da categoria, que entrou hoje no terceiro dia, e o dissídio econômico. A assembleia realizada no final da tarde, na sede do sindicato, no Tatuapé (zona leste da capital), ratificou o movimento e incluiu um ato de solidariedade. Duas horas antes do início da assembleia, o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres Junior, informava que o Metrô não fizera mais nenhum contato. “Até agora, eles não deram nenhum sinal de que querem negociar”, afirmou, criticando a postura da empresa e do governo paulista.

“Estamos recebendo telegrama, tentando intimidar a categoria”, disse Altino, já na assembleia. “O governo erra ao não negociar e ao não dar prioridade ao transporte coletivo.” Ele adiantou que o sindicato pedirá intermediação à presidenta Dilma Rousseff, para que ela converse com o governador Geraldo Alckmin. “Vamos pedir que ela venha (para São Paulo) para ajudar a resolver o problema”, disse o dirigente.

Segundo ele, praticamente a totalidade dos operadores de trens e quase 100% da segurança aderiu ao movimento, além da “grande maioria” dos agentes de estação e parte da manutenção e da administração. Altino voltou a fazer referência às manifestações de junho do ano passado, quando o governador Alckmin (PSDB) e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), recuaram e cancelaram o aumento da tarifas. “O Alckmin está com a síndrome do bombeiro louco. Ele joga gasolina para apagar fogo.” Sobre o julgamento, ele afirmou que “amanhã, de acordo com a decisão do tribunal, vamos avaliar o que fazer”. Foi marcada nova assembleia para as 14h.

Foram cinco reuniões no TRT ao longo da semana, mas o acordo não saiu. Para os metroviários, o governo mostrou intransigência e falta de disposição para o entendimento, além de reprimir manifestações durante a paralisação. O Metrô diz que os sindicalistas desrespeitam o usuário e a Justiça. O sindicato sustentou o “desafio da catraca”, para tornar livre o acesso ao sistema, mas a direção da empresa e o governo não aceitaram. Na audiência de conciliação de ontem, os metroviários insistiram na proposta, dizendo inclusive que abririam mão de um dia do salário.

Propostas

O TRT fez inicialmente uma proposta conciliatória de 9,5%, recusada pela empresa, que manteve os 8,7% apresentados na quarta-feira. O Metrô, que havia saído de uma oferta de 5,2% de reajuste, equivalente à variação do IPC-Fipe em 12 meses, foi a 7,8% e a 8,7%, afirmando que com benefícios o total superaria os dois dígitos, patamar mínimo para os metroviários. Os trabalhadores reivindicaram inicialmente 35%, entre reajuste e aumento real (acima da inflação), e baixaram o índice para 12,2%. Ontem, para tentar um acordo, o desembargador Rafael Pugliese, presidente da Seção  de DissídiosColetivos do TRT e relator do caso, reduziu a proposta para 9%, mas mesmo assim a conversa não avançou.

A campanha salarial dos metroviários, que têm data-base em 1º de maio, inclui ainda reivindicações como plano de carreira nas áreas de segurança e manutenção, participação nos resultados (PR) igualitária, vale-alimentação e vale-refeição. No julgamento, o TRT vai considerar também se a greve é ou não abusiva e se os dias parados devem ser compensados ou descontados. A seção especializada é formada por dez magistrados – mas pode funcionar com quórum mínimo de seis. O tribunal organizou um plantão especial para o período da Copa, que vai funcionar até 15 de julho.

O funcionamento do Metrô é parcial nas linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha. As linhas 4-Amarela e 5-Lilás operam normalmente. O Metrô adotou um plano de contingência, criticado pelos sindicalistas – eles afirmam que isso põe em risco a população. Os trens são operados por ex-operadores, instrutores e monitores. “A operação neste momento é reduzida para que o sistema possa operar com segurança”, diz a empresa.