Repressão

Alckmin ameaça mais demissões caso metroviários não encerrem greve

Governador de São Paulo classifica paralisação iniciada na quinta-feira como uma 'questão menor' e diz que 61 demissões por justa causa realizadas hoje estavam conectadas a outros motivos

Diogo Moreira/Governo SP

Alckmin considera que está amparado pela decisão proferida na véspera pela Justiça do Trabalho

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tratou hoje (9) as reivindicações dos metroviários como uma “questão menor” à qual a população não pode ficar “subjugada” e rejeitou a readmissão dos 61 trabalhadores demitidos esta manhã por justa causa. Na visão dele, a decisão proferida no domingo pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, ao considerar abusiva a greve dos metroviários iniciada na última quinta-feira, dá garantia para o desligamento de trabalhadores que se mantiverem em greve.

“O governo não fará novas demissões para aqueles que voltarem ao trabalho. Na medida em que a greve foi declarada abusiva, na medida que as pessoas não voltarem a trabalhar, o Metrô não pode funcionar e as pessoas precisam ser demitidas e por justa causa. Então, aqueles que voltarem ao trabalho não serão demitidos”, afirmou o governador hoje, durante evento no Palácio dos Bandeirantes. “O reajuste já foi definido. É aquele que o governo ofereceu. Não tem mais o que discutir. Já houve o dissídio e é um reajuste bem acima da inflação, ganho real de 3,5%.”

Nesta manhã, o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, anunciou que a demissão dos trabalhadores foi por justa causa.

Ontem, o TRT declarou a paralisação abusiva, determinou aumento de 8,7% para a categoria, valor que havia sido proposto pelo Metrô, e impôs multa de R$ 500 mil ao sindicato no caso de manutenção da greve. A categoria queria 12,2% de reajuste e o atendimento de outras pautas, como isonomia no pagamento de participação nos resultados e a construção de planos de carreira para agentes de segurança. Ainda assim, os trabalhadores decidiram em assembleia na tarde de ontem permanecer de braços cruzados.

Alckmin afirmou que as demissões não ocorreram apenas em função da greve, mas por “outros fatos”, não detalhados. O secretário Jurandir Fernandes citou a realização de piquetes, depredações e uso de equipamentos de comunicação dentro dos trens para divulgação de informações a respeito da greve como alguns dos motivos.

Alckmin também não quis confirmar ou dar detalhes sobre um suposto “plano B” do governo do estado caso a greve se prolongue até a próxima quinta-feira (12), quando começa a Copa do Mundo, com abertura na Arena Corinthians, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Mais cedo, o coordenador de Relações Institucionais da Secretaria de Transportes, Roberto Arantes, disse que, se a greve permanecesse, a população seria avisada do plano B. O governador apenas disse que sua preocupação é “hoje”. Em sua avaliação, o movimento grevista vem perdendo fôlego depois de cinco dias de paralisação.

Esta manhã, no entanto, um ato reuniu metroviários, militantes do Movimento Passe Livre e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), na Rua Vergueiro, próximo à estação Ana Rosa, na Vila Mariana, zona sul. O ato começou por volta das 7h, quando houve repressão promovida por policiais da Tropa de Choque. Pelo menos 500 pessoas seguiram em marcha até a Praça da Sé e pararam na Rua Boa Vista, em frente à Secretaria dos Transportes, exigindo negociação com o governador. Oficiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar acompanharam o protesto, com forte aparato de segurança, e os prédios comerciais da rua tiveram as portas fechadas.

A violência, avaliou o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres Junior, fortaleceu a greve. “Alckmin quer apagar o fogo jogando gasolina. Isso só fortalece nossa mobilização”, disse o dirigente pela manhã.