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Demitidos da GM em São José dos Campos aceitam proposta de indenização

Segundo dados do Dieese, foram fechadas quase 1.700 vagas na montadora em 2013. Sindicato quer continuar negociando e pede garantias para quem ficou

Lucas Lacaz / Sindmetal

“Vamos tentar reintegrar o maior número possível de trabalhadores”, afirma o secretário-geral do sindicato

São Paulo – Trabalhadores da General Motors em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior paulista, aprovaram hoje (21) em assembleia proposta de acordo para indenização dos funcionários demitidos no final do ano. Confirmadas os 687 cortes na unidade da GM, o número de desligamentos na montadora chega a 1.697 apenas em 2013, segundo dados da subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de São José.

De acordo com o Dieese, em um ano a renda desses trabalhadores, incluindo 13º salário e participação nos lucros ou resultados (PLR), movimentaria cerca de R$ 168 milhões na economia do município. O valor representa 14% da renda dos trabalhadores do mercado de trabalho formal de toda a região metropolitana do Vale do Paraíba, que inclui 39 cidades.

Ainda segundo a subseção, em novembro o complexo da GM empregava 6.182 trabalhadores, o que representa cerca de 3% dos trabalhadores do mercado formal do município. “Esse não é o maior problema, porque o impacto está relacionado à renda desses trabalhadores, que está entre as mais expressivas da região, ao lado dos funcionários da Petrobras e da Embraer”, afirma a técnica do Dieese Renata Belzunces.

Com o acordo aprovado, os demitidos terão direito aos mesmos benefícios concedidos àqueles que aderiram ao plano de demissões voluntárias (PDV), em setembro, com pagamentos de até cinco salários, o que vai depender do tempo de contratação, além de assistência médica por quatro meses após a data do aviso prévio. O sindicato conseguiu garantir a suspensão das demissões de lesionados em período de estabilidade e preferência na recontratação e indenização aos metalúrgicos em fase de pré-aposentadoria. A entidadeainda não sabe informar quantos pessoas encontram-se nesta situação.

A montadora já havia concordo com essa proposta, feita pelo vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região (Campinas), Henrique Damiano, em audiência de conciliação realizada na semana passada. Amanhã, haverá nova reunião para formalizar o acordo.

Os cortes ocorreram após a montadora decidir encerrar a produção do modelo Classic no setor MVA (Montagem de Veículos Automotores), em São José dos Campos. A GM afirma que o Classic, fabricado até dezembro no MVA, continuará sendo feito em pequena escala nas fábricas de São Caetano do Sul, no ABC paulista, e de Rosário, na Argentina.

Segundo o Dieese, a média salarial de um montador horista da GM em São José dos Campos é de R$ 3.717,49 e em São Caetano, de R$ 3.660,55. Os dados constam da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), atualizados em novembro.

Chery

Duas semanas atrás, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, visitou as instalações da montadora chinesa Chery, em Jacareí, também no Vale da Paraíba. No encontro com a direção da empresa, ele discutiu a possibilidade de contratação de parte dos demitidos da GM. “O vice-presidente da Chery, Luiz Curi, disse que a empresa está aberta para receber os currículos e analisá-los. A sugestão foi bem recebida pelos executivos”, declarou o ministro em nota.

“A ação do governo teria de ser no sentido de não haver as demissões da GM, mas à medida que já se consumaram essas demissões o trabalho na Chery poderá ser um suporte, mesmo não sendo o que nós queremos”, afirma o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, o Mancha. Segundo ele, as negociações com devem continuar. “Vamos tentar reintegrar o maior número possível de trabalhadores, e queremos que a GM dê garantia de emprego aos atuais funcionários.”


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