Renda, condições de trabalho e terceirização são desafios de campanhas salariais
Bancários, metalúrgicos, petroleiros, comerciários e trabalhadores nos Correios destacam campanhas que movimentam 5 milhões de trabalhadores e vão além dos reajustes
Publicado 18/08/2013 - 13h08
Bancários, metalúrgicos, petroleiros, correios: questões além dos salários em pauta
São Paulo – Crescimento e inflação, determinantes do ambiente econômico, são desafios para categorias com data-base neste segundo semestre. As principais vão atingir aproximadamente 5 milhões de trabalhadores. As entidades sindicais esperam que o já tradicional argumento empresarial de inflação mais elevada e projeção de crescimento econômico em declínio se apresente com mais ênfase. Entretanto, o economista José Silvestre Prado Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, observa: “É importante ressaltar que o crescimento pode ser três vezes maior do que foi em 2012”, referindo-se à previsão do mercado para a expansão do PIB em torno de 2,5%, ante 0,9% no ano passado.
Mesmo o argumento sobre pressão inflacionária merece ponderação, argumenta Silvestre. “A inflação de 2013 certamente será maior do que a de 2012, mas as categorias com data-base do segundo semestre devem pegar uma inflação anualizada menor do que as que fecharam seus acordos coletivos no primeiro. Isso é um elemento importante para avaliarmos as próximas negociações.”
Usado como referência nas negociações trabalhistas, o INPC tem perdido força nos últimos meses. De 0,60% em março, passou para 0,59% em abril, 0,35% em maio, 0,28% em junho e -0,13% no mês passado. Com isso, o acumulado em 12 meses passou de 7,22%, em março, para 6,38% em julho.
Importantes segmentos da indústria, do comércio e do setor de serviços do país têm data-base para renovação dos seus acordos coletivos na segunda metade do ano. Apenas trabalhadores nos correios, petroleiros e bancários, com campanhas nacionais, reúnem mais de 700 mil trabalhadores. As campanhas dessas categorias despertam ainda interesse indireto de outros 800 mil, estimativa de empregados de terceirizadas que prestam serviços para o ramo financeiro e de petróleo.
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Em São Paulo, segmentos também numerosos, cujas melhorias salariais podem repercutir no comportamento da economia mais desenvolvida do país, estão em processo de negociação ou preparando suas pautas. Entre eles, destacam-se comerciários e metalúrgicos (representados pela CUT, Conlutas e Força Sindical). Esses setores reúnem mais de 3,5 milhões de trabalhadores, somente no estado de São Paulo.
Nos últimos anos, o Dieese tem notado evolução no número de negociações que culminaram com reajustes acima da inflação. Em 2012, por exemplo, 94,6% dos 704 acordos pesquisados tiveram aumento real, acima do INPC-IBGE. Como 4,1% das negociações levaram a percentual igual, apenas 1,3% dos acordos terminaram com índices abaixo da inflação.
Segundo o Dieese, em 2012 o aumento real médio no segundo semestre foi o segundo melhor para o período desde 2008. Mas, contrariando tendência dos quatro anos anteriores, os reajustes médios foram menores que os do primeiro semestre. Na próxima quinta-feira (22), o Dieese divulga números referentes às campanhas salariais de janeiro a junho deste ano.