operação blecaute

Delegados em estado de greve suspendem atividades em São Paulo

Trabalhadores protestam por mais investimentos na organização e denunciam o sucateamento da Polícia Civil

Adpesp

Segundo a Adpesp, a 5ª edição da Operação Blecaute tem adesão de 90% dos trabalhadores

São Paulo – Os policias civis do Estado de São Paulo iniciaram hoje (29), às 10h, a 5ª edição da Operação Blecaute, com a paralisação das atividades dos delegados, escrivães, agentes penitenciários e investigadores, em aproximadamente 2 mil delegacias, até as 16h. Em Campinas, os trabalhadores iniciaram passeata às 14h nas principais avenidas da cidade. Neste mês, as marchas de protesto já ocorreram na capital, Piracicaba e Ribeirão Preto.

Segundo a Associação dos Delegados de São Paulo (Adpesp), que organiza a mobilização em parceria com o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), as manifestações são programadas no interior porque a criminalidade está migrando para essas cidades. O protesto conta com a adesão de 90% da categoria, de acordo com os organizadores.

Os trabalhadores querem alertar a população sobre o cenário de sucateamento da segurança pública. “Nos últimos 20 anos o PSDB sucateou a Polícia Civil. Houve um equívoco da política para a segurança pública, porque o investimento foi destinado somente para a Polícia Militar patrulheira. Esqueceram-se da polícia investigativa, que é a civil. Hoje somos responsabilizados pelo mau atendimento à população, quando na verdade a falência da segurança pública é responsabilidade do estado”, disse a presidenta da Adpesp, Marilda Aparecida Pansonato Pinheiro.

A categoria reivindica recomposição salarial. A Adpesp afirma que os salários dos policias no estado ocupam a 26ª posição no ranking salarial dos 27 estados da federação. “O salário líquido de um delegado em início de carreira em São Paulo é R$ 5 mil, enquanto no Paraná é R$ 15 mil, no Distrito Federal, R$ 22 mil e no Mato Grosso, R$ 20 mil”, disse Marilda.

Eles também protestam por mais investimentos na instituição e cobram mais contratações. Marilda afirmou que atualmente há um deficit aproximado de 8 mil policias no estado. “Há casos de delegados que acumulam funções em até cinco delegacias, em municípios diferentes. Como ele vai investigar dessa maneira?”

Em estado de greve desde o último dia 20, os delegados ainda não decidiram se farão novas paralisações e afirmam que há dois anos tentam negociar soluções com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Queremos ações concretas, já perdemos a conta de quantas reuniões fizemos, nossos diálogos se transformaram em monólogos. Estamos tentando evitar uma greve por tempo indeterminado, porque mesmo de maneira capenga estamos trabalhando. Mas quem determina se vamos parar ou não será o governador, que deve se comprometer a solucionar os problemas com a segurança pública.”