sem negociação

Alckmin não atende policiais civis; categoria ameaça greve em agosto

Profissionais da segurança pública denunciam que, com sobrecarga e falta de condições de trabalho, 'o criminoso sai vitorioso'

Nayara Striani/Mídia Consulte

Valorização das carreiras, reestruturação na polícia e aposentadoria especial estão entre as reivindicações

São Paulo – Trabalhadores na segurança pública do Estado de São Paulo se manifestaram ontem (23), na capital paulista, para serem ouvidos pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e abrirem negociações por melhoria nas condições de trabalho. Uma passeata saiu do Parque do Povo, na zona sul, e terminou em frente ao Palácio dos Bandeirantes. O governador se recusou a atendê-los e informou, por meio da assessoria de imprensa, que não comentaria as manifestações nem as reivindicações dos trabalhadores.

É a quarta vez que escrivães, investigadores, agentes penitenciários e outros profissionais da segurança pública protestam por uma negociação. Os representantes do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp) estiveram com o governador Geraldo Alckmin em 14 de fevereiro, para entregar a pauta com reivindicações específicas da categoria e desde então não receberam resposta.

No dia último dia 8, os trabalhadores entregaram uma pauta unificando as reivindicações com investigadores e escrivães e também não obtiveram resposta. O prazo para o governador atendê-los se encerra no final do mês, do contrário diversos setores da polícia civil entra em greve a partir de 1º de agosto.

“Desejamos que ele cumpra uma legislação que ele próprio propôs, que é remuneração do nível universitário para investigadores e escrivães. Desde 2008 aguardamos alguma providência”, afirma o investigador de polícia Georges Habib, referindo-se a uma das principais reivindicações, que a valorização das carreiras policias. Os funcionários do setor pedem ainda enquadramento das carreiras e reestruturação na polícia, aposentadoria especial pela Lei federal 51/85, entre outros.

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de São Paulo, Daniel Grandolfo, também denuncia o sucateamento no sistema prisional. “Todas as unidades estão superlotadas, faltam funcionários e o salário está 20% defasado nos últimos cinco anos.”

O Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo (Sepesp), que representa cerca de 13 mil trabalhadores na ativa e aposentados, informa que a situação de trabalho nas delegacias é precária. “Há casos, em que há apenas um escrivão responsável pelo atendimento de três delegacias, que registram alto índice de ocorrências”, denuncia o presidente da entidade, João Xavier Fernandes.

“Por não existir um delegado para cada cartório, a sobrecarga dos acervos termina sobrando para os poucos escrivães, e é humanamente impossível atender a todas as exigências formais previstas no Código de Processo Penal. Constatamos isso na unidade policial de Bauru, onde tem apenas um cartório de Polícia Judiciária, com processo no chão, nas cadeiras e na mesa. A vitória fica com o criminoso”, alerta.

A manifestação contou com a participação de policiais de São Paulo, Sorocaba, Jundiaí, Bauru, Presidente Prudente e de outras regiões do Estado.

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