Metalúrgicos da CUT em São Paulo organizam campanha e não veem inflação como obstáculo

Preparando a pauta

Tadeu Italiani/FEM

Para Biro Biro (à direita), a inflação não deve ser usada para dificultar a campanha salarial

 

São Paulo – Os metalúrgicos da CUT no estado de São Paulo, que começaram hoje (7) a articular sua campanha salarial – têm data-base em 1º de setembro –, não veem na inflação um empecilho para as negociações. O presidente da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos (FEM-CUT), Valmir Marques, o Biro Biro, disse que o acordo terá de ser fechado com aumento real (acima da inflação). “Queremos que o acréscimo de produtividade, o aumento da produção, seja dividido com os trabalhadores”, afirmou.

Segundo Biro Biro, as campanhas dos últimos anos já conviveram com essa perspectiva. O INPC acumulado em 12 meses, até agosto, atingiu 7,4% em 2011 e 5,39% em 2012. Para este ano, a previsão é de 6,5%, lembra Biro Biro. O dirigente avalia também que o cenário já é mais positivo para o setor. “Até por essa discussão da politica industrial, Plano Brasil Maior, desonerações, acredito que as empresas estão tendo um resultado melhor do que o do ano passado. E a inflação não pode ser usada como elemento para dificultar a campanha salarial.”

Em plenária realizada durante todo o dia em São Bernardo do Campo, na região do ABC, os sindicalistas discutiram estratégias e eixos da campanha. A entrega da pauta de reivindicações aos diversos grupos patronais será feita em 4 de julho. O local de lançamento da campanha será definido na próxima quarta-feira (12), durante reunião da executiva da federação.

Este ano, a campanha vai incluir pautas econômicas e sociais, em todos os grupos. Em 2012, as montadoras não participaram por terem fechado acordo de dois anos no período anterior. E as cláusulas sociais foram renovadas automaticamente, até este ano. Os trabalhadores na Volkswagen em São Bernardo do Campo, São Carlos e Taubaté fecharam em 2012 um acordo até 2016, que inclui investimentos, contratações e reajuste pelo INPC mais aumento real.

A base metalúrgica da CUT em São Paulo reúne 14 sindicatos, com 205.500 mil trabalhadores. A maior concentração está no Grupo 2, das empresas de máquinas e eletroeletrônicos (75.500). O Grupo 3 (autopeças, forjaria e parafusos) tem 51 mil, segundo a FEM. A negociação envolve ainda os grupos 8 (trefilação, laminação de metais ferrosos, refrigeração, equipamentos rodoviários e ferroviários), com 36 mil, e 10 (lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação, material bélico), com 35 mil , e os setores de estamparia, ambos com 4 mil.

Entre itens sociais considerados prioritários estão a licença-maternidade de 180 dias, que ainda não foi implementada nos grupos 8 e 10, além da estamparia – nesses setores, há apenas uma recomendação. Os metalúrgicos querem discutir ainda questões relativas a portadores de doenças e a direitos de mulheres e jovens. E vão insistir na unificação dos pisos salariais e na redução da jornada.