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Greve no porto de Santos termina antes da aprovação de MP

Isolada das demais centrais, que manifestaram apoio à medida provisória, Força Sindical do deputado Paulinho não consegue sustentar movimento

Wilson Dias/ABr

Sessão que aprovou texto final da MP durou 23 horas. Segundo a Codesp a greve prejudicou um terço das embarcações atracadas no porto

São Paulo – A greve dos estivadores no porto de Santos terminou às 19h de ontem (15), em meio à maratona da votação da MP do Portos na Câmara dos Deputados, concluída às 9h40 de hoje. A greve, articulada pela Força Sindical contra a MP, começou na tarde de terça-feira (14).

A medida provisória agora será votada no Senado em sessão com início previsto para as 11h e tem que ser aprovada até a meia noite de hoje (16) para não perder o prazo de validade.

Segundo a assessoria de imprensa da Companhia Docas de São Paulo (Codesp), a greve prejudicou a movimentação em 10 das 30 embarcações atracadas no porto neste período.

No final da manhã de terça-feira, o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT)-SP), o Paulinho, anunciou a greve por tempo indeterminado nos portos de Santos (SP), Rio de Janeiro e Paranaguá (PR), mas o movimento só teve adesão em Santos.

Para o presidente da Força Sindical, a MP retiraria dos trabalhadores portuários filiados ao Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) a possibilidade de serem contratados pelos gestores de novos portos privados.

Durante a primeira reunião da Mesa de Diálogo, o canal de negociação permanente entre governo federal e as centrais sindicais CUT, Nova Central, Força Sindical, UGT e CTB, Paulinho queria que o governo retirasse da MP uma determinação que limita a atuação do Ogmo aos portos organizados.

Das cinco centrais que participaram da reunião com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência da República), Manoel Dias (Trabalho) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), na manhã de terça-feira, somente a Força Sindical se posicionou contrariamente à MP.

Para o presidente da CUT, Wagner Freitas, Paulinho defende o interesse do Ogmo. “Que é o interesse do empresariado e não dos trabalhadores. Queremos dizer que a CUT não tem nada a ver com isso, nós queremos é que o trabalhador tenha direito de trabalhar no porto novo e no porto antigo. Isso deve ser tratado pelo sindicato, pois a questão de Ogmo é questão de empresário”, disse Freitas.

No final da reunião entre as centrais sindicais e os ministros, os sindicalistas, menos o presidente da Força, assinaram uma carta de apoio à MP com a garantia do governo de que a contratação dos trabalhadores tem de ser feita por meio de negociação com o sindicato. “Aumentar o papel do sindicato nesse processo é extremamente importante para a CUT. Nós conseguimos fazer uma unidade entre todas as centrais. Mas, lamentavelmente, houve essa influência do deputado Paulo Pereira”, disse Freitas.