Em reunião com centrais, presidente do TST defende valorização do trabalho

Para o ministro, papel da CLT é colocar o trabalho como instrumento necessário nas relações sociais

 

São Paulo – O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Carlos Alberto Reis de Paula, afirmou hoje (9) que a sociedade tem de valorizar o trabalho e colocá-lo na pauta das discussões do país. A declaração foi feita após reunião com representantes de centrais sindicais, em Brasília.

“Quando há um problema na linha de frente da economia, alguém se preocupa do lado do empregado? Só se preocupa em reduzir tributo, fazer isso, fazer aquilo, tudo para que a empresa tenha uma melhor situação. E alguém se preocupa com a situação do trabalhador quando há uma crise econômica? Alguém disse que, porque a economia cresceu, os direitos do trabalhador têm de crescer proporcionalmente?”, provocou o ministro.

Reis de Paula deve se reunir no próximo dia 23 com representantes de entidades patronais. Segundo a assessoria do TST, o presidente do tribunal afirmou que pretende reforçar o papel do órgão como mesa de negociações. “Nós queremos consagrar que este é um lugar de convergência entre empregados e empregadores porque aqui se cuida basicamente do trabalho e do capital. Não existe capital sem a valorização do trabalho e sem proteger a livre iniciativa”, disse.

De acordo com a assessoria, para Reis de Paula a grande lição da CLT, que completará 70 anos em maio, é que tudo tem de passar por negociação. “O princípio básico da CLT é colocar o trabalho como instrumento necessário na relação social. E o trabalho, com a valorização do trabalhador. Esse princípio não pode ser afastado”, afirmou.

Segundo o representante da CUT no encontro, o advogado José Eymard Loguércio, o diálogo das centrais com o tribunal é fundamental. “Acho que é fundamental dialogar. É o início de um processo importante para a construção e manutenção dos direitos dos trabalhadores. As centrais ficaram extremamente lisonjeadas com a possibilidade de iniciar um debate com o TST nas questões principais, tanto das sindicais como do direito dos trabalhadores”, disse.

Para o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), o encontro foi simbólico. “É a primeira vez que venho aqui num café da manha de um presidente que acaba de tomar posse. Isso é muito importante, mostra que o Tribunal tem uma preferência. O Tribunal não pode ter lado, mas tem uma preferência pelos trabalhadores. Eu fico muito satisfeito com isso.”

Segundo o primeiro-secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e Cultura (CNTEEC), Oswaldo Augusto de Barros, a abertura de portas do TST vale muito mais pela prosa e o contato com os ministros, no sentido de estreitar as relações entre o trabalho e o Judiciário. “É muito importante porque demonstra as necessidades de cada uma das entidades aqui representadas e o papel da Justiça, de equilíbrio nas lides do capital e trabalho”, disse.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), Levi Fernandes Pinto, parabenizou a iniciativa. “Nós precisamos ter realmente essa parceria com o TST. Temos diversos problemas e essa é a oportunidade que temos, não de solucioná-los, mas de mostrá-los e questioná-los.”