Ministro vai à Força: afirmação do PDT, exaltação a Lupi e críticas a Brizola Neto

Manoel Dias, que assumiu no último dia 16, e Paulinho afirmam que partido está na base aliada, mas 2014 'é outra discussão'

O ministro Manoel Dias visita a sede da Força Sindical, parte de sua primeira ronda pelas centrais sindicais (Foto: Dalva/PDT/divulgação)

São Paulo – A visita do novo ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, à sede da Força Sindical, na região central de São Paulo, na manhã de hoje (26), teve características de manifestação pró-Carlos Lupi (ex-ministro e amigo de Dias), com críticas ao também ex-ministro Brizola Neto, demitido na semana passada, e ao governo. Tanto Manoel Dias como o presidente da Força, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, lembraram que o PDT faz parte da base aliada, mas essa aliança vale até 2014. O sindicalista e parlamentar defendeu a busca de alternativas a Dilma Rousseff.

Fundador da Força e ex-secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antônio de Medeiros abriu a sessão de ataques a Brizola Neto, que também é do PDT, sem citá-lo. “A sua nomeação (referência a Manoel Dias) significa a volta do PDT ao Ministério do Trabalho O ministério se abre novamente para os trabalhadores.” Segundo Medeiros, a gestão Lupi “significou muito” para os trabalhadores, com medidas como a legalização das centrais, o repasse da contribuição sindical para essas entidades e o setor público e registro de entidades rurais. Ele também defendeu o ex-ministro das acusações que o derrubaram do posto no final de 2011: “Eu conheço gente honesta, mas mais honesta que o Lupi eu não conheço.”

Após a visita, que contou com a participação do líder do PDT na Assembleia Legislativa, deputado Major Olímpio, a uma pergunta sobre o ex-ministro Lupi, o atual titular do MTE também saiu em defesa do presidente nacional da legenda. “Estou aqui indicado pelo partido. Ele é o nosso presidente, foi reeleito (na última sexta-feira) com 97%, sou amigo dele. Falam em denúncias, mas não tem nada, não tem um processo que possa incriminá-lo.” Sobre a sucessão presidencial, Dias afirmou que esse tema ainda não está em pauta, mas que “2014 é outra discussão”.

“O Lupi caiu não porque é corrupto, mas porque tinha lado. A elite brasileira não aceita que defendam causas. Ficamos com ele até o fim, porque sabíamos de que lado ele estava”, acrescentou Paulinho. “O Lupi teve coragem de falar (em defesa dos interesses dos trabalhadores.” Já a avaliação de Brizola Neto é diferente. “Fui um dos que defendi (a escolha) e o primeiro a pedir para tirar. Porque ele não tem lado”, afirmou, esperando que o novo ministro “seja uma voz dos trabalhadores dentro do governo”.

Ele citou alguns fatores que causaram insatisfação com Brizola Neto, como mudanças em portaria referente ao registro sindical de pescadores e sobre organização dos servidores públicos, além do reajuste do seguro-desemprego este ano. Segundo o presidente da Força e deputado, o governo “montou um Ministério do Trabalho paralelo na Secretaria-Geral da Presidência, basicamente para atrapalhar o Ministério do Trabalho”, que foi “sucateado”, na definição do sindicalista.

Muitos dirigentes da Força e sindicatos filiados apontaram como precária a estrutura atual do ministério. “É impossível ficar pior do que já está. Não tem participado das grandes questões”, disse, por exemplo, o presidente estadual da central, Danilo Pereira da Silva. “É preciso que o Ministério do Trabalho recupere o papel do trabalhismo. É inaceitável que o ministério sofra essa dificuldade interlocução com o governo”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno, que é filiado ao PT. “Está havendo um desequilíbrio na relação capital-trabalho”, criticou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, que comparou a Fundacentro (órgão de estudos e pesquisas nas áreas de saúde e segurança) a um “navio parado”. “E não existe estrutura para as superintendências.”

As críticas se estenderam ao governo Dilma, que, para Paulinho, pende a favor do lado empresarial. “Vai tomando tanto um lado que desequilibra. Além disso, vive muito do passado. Ontem ela falou 13 vezes do Lula. Por que não volta o Lula, então?”

Depois da recepção ao ministro, o sindicalista disse que, de fato, o PDT pertence à base aliada, “mas esse acordo foi para 2010”. No ano que vem, a discussão muda, acrescentou, ao lembrar que tem “boas relações” com Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (com um partido em formação), os três que podem se apresentar como adversários da presidenta. “Deveríamos repensar essa aliança com ela (Dilma). Achávamos que seria continuação do governo Lula, mas não foi.” Ele também considerou que “ficou difícil” a situação de Brizola Neto no partido.

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