Emprego de qualidade ainda é desafio para o Brasil, conclui debate na CUT

País deve ter foco em políticas públicas de redução da desigualdade e criação de empregos com bons salários, avaliam especialistas da durante encontro nacional

Para especialista, Brasil precisa melhorar qualidade do emprego, garantindo salários maiores (Foto: Vlima/Flickr)

São Paulo – O maior desafio do governo e de movimentos sociais no Brasil é fazer com o que crescimento econômico se reverta em desenvolvimento social, com redução da desigualdade, aumento do emprego e elevação da renda do trabalhador. Essa foi a conclusão da primeira mesa do Encontro do Macrossetor Comércio, Serviços e Logística da CUT, que começou hoje (12) e vai até amanhã, em São Paulo.

Para o professor Antônio Corrêa de Lacerda, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, o papel das políticas públicas será muito importante nesse processo, para regulamentar o mercado. Ele avaliou que essa é uma ótima oportunidade para o Brasil, desde que o país combine redução de juros com políticas de infraestrutura e educação, inclusive deslocando crédito privado com juros favoráveis para esses projetos, se necessário.

“É preciso combinar ajuste de juros e foco na logística e infraestrutura, que pode garantir o desenvolvimento para o Brasil, com incentivo à indústria e distribuição de renda”, afirmou durante a mesa de debate. “Outro grande desafio é melhorar a qualidade do emprego. O que esta por trás da geração de emprego e salário é a nossa capacidade de gerar valor agregado à nossa produção.”

“O grande desafio será transformar o crescimento econômico em desenvolvimento social, com políticas públicas e geração de emprego e renda, tendo como foco a criação de empregos com qualidade. Muitos dos novos postos pagam entre um salário mínimo e um salário mínimo e meio”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro. “É necessário aumentar o consumo, mas não por meio do crédito e sim da distribuição de renda e aumento dos salários.”

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviço (Contracs), Alci Matos Araujo, concorda. “A economia vai muito bem, obrigado, mas no cenário dos trabalhadores não tivemos o mesmo crescimento”, avaliou. “O potencial econômico não equivale à qualidade do trabalho, pois ainda nos deparamos com a precarização, que baixa os salários.”

O presidente da CUT, Vagner Freitas, que abriu o encontro, afirmou que é papel dos macrossetores cobrar a criação de empregos com qualidade. “Nós temos que adiantar esse debate e aprofundar o conhecimento. O desenvolvimento do país não pode vir acompanhado de precarização do trabalho.” Ele afirmou que do encontro sairá uma proposta que servirá de base para o trabalho das confederações junto aos sindicatos.

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