Metalúrgicos tentam evitar demissão de 484 trabalhadores em lay off na Mercedes

Montadora enviou na quarta-feira (7) comunicado de dispensa a empregados cujos contratos foram suspensos entre 18 de junho e 17 deste mês

Sindicato iniciou mobilização na fábrica de São Bernardo. Na quarta-feira (7), a produção foi parcialmente paralisada (Foto: Raquel Camargo/SMABC)

São Paulo – Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da representação dos trabalhadores na Mercedes-Benz, em São Bernardo, no ABC paulista, passaram o dia de hoje (9) reunidos com a direção da montadora alemã para negociar a situação de 484 funcionários, cujo contrato de trabalho, feito por prazo determinado, foi suspenso (lay off) de 18 de junho ao dia 17 deste mês – para os trabalhadores contratados por tempo indeterminado, a suspensão do contrato foi prorrogada até 17 de dezembro. A negociação prossegue amanhã e o resultado será apresentado em assembleia na segunda-feira (12), às 10h, no Centro de Formação Celso Daniel, ao lado da sede do sindicato. O acordo feito em 29 de maio foi motivado pela queda na produção de caminhões no início deste ano e previa a possibilidade de prorrogação. 

Ainda que o setor tenha apresentado recuperação, a montadora não quer renovar o acordo, feito para evitar 1.500 demissões (incluindo também contratados por prazo indeterminado), e enviou na quarta-feira (7) comunicados para parte desses trabalhadores nesse sentido. O sindicato mobilizou os empregados do Prédio 46 e paralisou a produção de motores, CKD, câmbio, entre outros, das 15h até a meia-noite.

Ontem (8), em assembleia, o vice-presidente do sindicato, Rafael Marques, disse que a entidade havia iniciado uma luta em defesa do emprego. “Vamos buscar diálogo com a empresa e tentar reverter esse cenário. Não é possível que depois de toda a luta sindical para manter os empregos na crise, de diversas intervenções do governo federal para estimular o setor, e agora que as vendas deram uma retomada, subindo 45% de setembro para outubro, que eles vão dispensar os trabalhadores.”

O contrato dos demais em lay off está previsto para ser discutido pela empresa apenas em 31 de janeiro de 2013. Os trabalhadores estão recebendo bolsa mensal do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),  paga pelo governo, no valor de R$ 1.163, para frequentar 300 horas (60 por mês) de curso de qualificação profissional no Senai. Após acordo coletivo entre o sindicato e a empresa, foi determinado que esse valor será complementado pela Mercedes até atingir o salário líquido dos trabalhadores.

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), durante o lay off os direitos trabalhistas como férias, 13° salário, reajustes e benefícios como assistência médica estão assegurados. Porém, a frequência no curso é condição para o pagamento da bolsa.

Desde o início do ano, o setor sofre com a queda nas vendas de caminhões por conta do novo modelo de motor Euro 5, que emite menor emissão de poluentes e encareceu os preços dos caminhões em 15%. O caminhoneiro enfrenta dificuldade para encontrar o aditivo necessário para esta tecnologia de motor nos postos de combustíveis pelo país. A restrição ao crédito também motiva o mau desempenho do setor no ano.

Com as medidas anunciadas pelo governo federal para incentivar o consumo e baixar as taxas de juros das instituições financeiras e ainda com o fim do estoque do modelo de motor antigo em junho, a expectativa do sindicato e da empresa era de que no segundo semestre a produção voltasse ao normal.

Cerca de 55% da produção de caminhões do país está concentrada no ABC. A Mercedes é uma das líderes em vendas e por isso sofre maior impacto da crise no setor. A montadora tem aproximadamente 13 mil funcionários na fábrica de São Bernardo. A Scania, com 3 mil trabalhadores, também registra quedas de vendas, e realizou algumas paradas na produção para ajustar a demanda.

Com informações do jornal ABCD Maior

 

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