CUT lança em Teresina campanha pela erradicação do trabalho infantil

No Brasil, cerca de 4,3 milhões de crianças e jovens de 5 a 17 anos que trabalham têm o futuro ameaçado

Detalhe de material de apoio da campanha da CUT para combater o trabalho infantil no país (reprodução)

São Paulo – Crianças que trabalham antes dos 14 anos têm chances mínimas de obter uma remuneração acima de R$ 1 mil ao mês ao longo de toda a vida. Se a entrada no mercado de trabalho ocorrer antes dos nove anos, a situação piora um pouco mais: dificilmente, quando adulta, essa criança receberá mais que R$ 500. As afirmações são do secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, com base em estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2005, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. “Quem começa a trabalhar muito cedo dificilmente terá um salário digno ao longo da vida, por não ter oportunidade, condições de ter qualificação profissional”, diz Expedidto.

No Brasil, 4,3 milhões de crianças e jovens de 5 a 17 anos correm esse risco porque já trabalham, segundo dados da Pnad. O número de crianças com a infância perdida e o futuro comprometido no país levou a CUT a promover a campanha nacional “Lugar de criança é na escola. Diga não ao trabalho infantil”.

A campanha teve início em Aracaju (SE), em 12 de junho, dia mundial de combate ao trabalho infantil, e será lançada em todo o Brasil, com prioridade para os estados do Nordeste, onde a prática tem maior concentração. O objetivo é pressionar os governos a criar políticas públicas nas áreas de educação, saúde e trabalho para proteger famílias e crianças.

Depois de Aracaju, a CUT lança hoje (3) a campanha em Teresina (PI). No dia 11, a campanha será lançada durante o 11º Congresso Nacional da CUT (Concut), que ocorre dos dias 9 a 13, em São Paulo.

Embora o trabalho infantil seja encontrado em maior escala no Nordeste, os dados do Censo Demográfico de 2010 indicam que ele está em queda na região e em crescimento nas regiões Sul e Sudeste. “Essa é nossa luta e nossa crítica: precisamos de políticas públicas que garantam educação de qualidade, creche para atendimento à infância, salário digno, distribuição de renda”, afirma o dirigente da CUT.

Formas de trabalho infantil

Segundo ele, no meio urbano o trabalho infantil se materializa no dia a dia de pequenos engraxates e está presente na venda de produtos em sinais de trânsito e no trabalho doméstico realizado por crianças.

Em áreas rurais, crianças “estão em todas as frentes de trabalho”: na colheita de laranja e do fumo, no corte de cana e de sisal e na ordenha de leite, entre outros. “É preciso convencer os pais de que as crianças têm de estar na escola, se formando intelectual e fisicamente para ter uma vida adulta sadia”, diz o sindicalista. “Uma criança que carrega carroça, carrinho de feira, na vida adulta vai ter a coluna comprometida e isso leva à precariedade do trabalho, mais uma vez. Um Brasil mais justo passa pela erradicação do trabalho infantil.”

  • O lançamento da campanha pela erradicação do trabalho infantil em Teresina ocorre hoje, às 18h, no Sindicato dos Bancários, na Rua Gabriel Ferreira, 740.

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