Central elabora lista de vítimas da ditadura e pede investigação

Documento foi entregue a assessor da Secretaria de Direitos Humanos, durante 'salva de pétalas de rosas'

Expedito Solaney e Artur Henrique, da CUT, jogam pétalas durante entrega de documento a Gilney Viana (dir.) (Roberto Parizotti/CUT)

 

São Paulo – A direção da CUT entregou ontem (11) à noite ao coordenador do projeto Memória Verdade e Justiça da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Gilney Viana, uma lista com mais de 100 trabalhadores mortos ou desaparecidos durante a ditadura. Durante o ato, realizado no plenário do 11º Congresso Nacional da CUT (Concut), nomes de alguns desses trabalhadores eram pronunciados por Gilney, enquanto os delegados exclamavam “presente!” e dirigentes da central jogavam pétalas de rosa. “Não podemos dar tiros, então damos uma salva de pétalas”, afirmou o coordenador. “As gerações atuais não renegam o passado, recuperam a memória e querem a verdade e a justiça. Sem a justiça, reinam o terror e a impunidade.”

O assessor da SDH lembrou que foi delegado no primeiro congresso da CUT, realizado em 1984. E disse que voltava como representante “do Estado que aceita reparar os danos causados pelo Estado repressor”. Ele ressaltou a importância de o movimento sindical também participar das atividades e iniciadas relacionadas à Comissão da Verdade – e propôs que a próxima direção da CUT, que será eleita hoje (12), se reúna com os integrantes da comissão.. “Nós, trabalhadores, nem sempre tivemos um trabalho de recuperação da memória e da verdade, como deveria ser feito. Cada sindicato deve assumir suas responsabilidades”, afirmou.

A CUT entregou três listas ao representante do governo: a primeira com nomes de 82 trabalhadores rurais mortos ou desaparecidos “e excluídos dos direitos da justiça de transição”. Uma segunda lista continha quatro nomes de sindicalistas mortos ou desaparecidos cujos processos não foram apreciados ou foram arquivados. E a terceira trazia 23 nomes de sindicalistas mortos ou desaparecidos, reconhecidos pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, “cujos casos merecem, como os demais, ser investigados”.

Em requerimento aprovado pelo plenário, a central pede ainda “a investigação e o esclarecimento” de intervenções em sindicatos praticadas pela ditadura, “e os prejuízos causados à classe trabalhadora pelas restrições à liberdade de associação, organização e luta dos sindicatos contra o arrocho salarial”. Também reivindica averiguação dos casos de perseguição policiais a líderes sindicais, cassações de mandatos, demissões por motivos políticos, prisão e tortura, “bem como a indicação dos nomes das instituições e nomes dos agentes de Estado e seus cúmplices privados”.