Bancários fecham pauta da campanha salarial

Entre as reivindicações, reajuste de 10,25%, elevação do piso e maior participação nos lucros. Categoria também quer ampliar discussão sobre sistema financeiro para toda a sociedade

São Paulo – Em conferência nacional realizada durante o fim de semana em Curitiba, cerca de 630 delegados sindicais definiram as reivindicações que serão encaminhadas ao setor patronal como pauta das negociações da campanha salarial desta ano. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Sistema Financeiro (Contraf-CUT), a pauta de reivindicações será entregue à Fenaban (Federação Nacional de Bancos, que representa o setor patronal) no próximo 1º de agosto.

O documento final foi aprovado na plenária hoje (22) e contém, entre as reivindicações econômicas, reajuste de 10,25%, piso de ingresso equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416) e participação nos lucros ou resultados (PLR) de três salários nominais mais parcela fixa de R$ 4.961,25. A categoria também incluirá questões sociais como segurança, terceirização e assédio moral nos debates com os bancos. 

Um dos destaques entre as resoluções foi a adoção pela categoria de ações efetivas para a realização de uma Conferência do Sistema Financeiro, vista como forma de debater a regulação do setor, que no plano internacional passa por uma de suas mais sérias crises estruturais.

Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Região, Juvandia Moreira, “é surpreendente que, mesmo com a crise internacional, os bancos continuem sem regulação. Os bancos não podem se autorregular, eles trabalham por meio de concessão pública, lidam com o dinheiro das pessoas e têm de servir ao desenvolvimento da nação”. Durante um dos debates do evento, os sindicalistas lembraram que os seis maiores bancos em operação no país detêm 81% dos ativos e 86% das operações de crédito. “E sabemos que eles ditam as regras mesmo, inclusive financiando campanhas eleitorais.”

Emprego

Os bancários – única categoria profissional cujas relações de trabalho são regidas por uma convenção única em todo o território nacional – decidiram também intensificar a defesa do emprego e da remuneração para os trabalhadores do setor. “Nossa pauta reflete a necessidade de combater a rotatividade de mão de obra nos bancos, o descumprimento da jornada convencional de seis horas  e, principalmente, a terceirização dos serviços para os correspondentes bancários, que impacta sobre o emprego da categoria e reduz o poder aquisitivo dos bancários e também dos comerciários”, disse o diretor de Organização da Contraf/CUT, MIguel Pereira.

Segurança

Investimentos na segurança bancária, tanto para os trabalhadores, quanto para os clientes, seja nas agências, postos avançados ou pela internet também está entre as questões a serem debatidas na campanha. O crescimento do número de ocorrências criminosas envolvendo bancos e serviços bancários exige uma resposta à altura da sociedade e, sobretudo, dos próprios bancos.

O secretário de Imprensa da Contraf/CUT, Ademir Wiederkehr, ressaltou durante o encontro em Curitiba que os bancários já fazem diversos movimentos, ao lado das entidades de vigilantes para exigir das instituições financeiras medidas para coibir a ação de criminosos. “A questão da segurança é de toda a sociedade e queremos que os bancos façam sua parte, em vez de alegar que segurança é problema para o poder público resolver.”

Democráticos

Para chegar à pauta de reivindicações da campanha salarial deste ano, a categoria bancária passou por assembleias, consultas dos sindicatos nas suas bases, encontros estaduais e conferências regionais, conforme informa o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, em nota publicada no site da entidade. “Esse é um processo que coroa o movimento que teve início lá atrás. Entramos agora na fase das mobilizações, que tratarão não apenas da remuneração e do emprego, mas também dos demais eixos que compõem a minuta aprovada neste domingo.”

As principais reivindicações

– Reajuste salarial de 10,25%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação projetada de 4,97%. 
– PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos; 
– Piso da categoria equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416,38);
– Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;
– Auxílio-educação para graduação e pós-graduação;
– Auxílio-refeição e vale-alimentação, cada um igual ao salário mínimo nacional (R$ 622,00);
– Emprego: aumentar as contratações, acabar com a rotatividade, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas) e ampliação da inclusão bancária;
– Cumprimento da jornada de 6 horas para todos;
– Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral para preservar a saúde dos bancários;
– Mais segurança nas agências e postos bancários;
– Previdência complementar para todos os trabalhadores;
– Contratação total da remuneração, o que inclui a parte variável da remuneração.
– Igualdade de oportunidades.

 

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