Deputado quer articular com governo solução para Belo Monte

Brasília – O presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), disse que vai propor ao governo federal a criação de um grupo de trabalho […]

Brasília – O presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), disse que vai propor ao governo federal a criação de um grupo de trabalho para discutir a situação dos 7 mil operários que atuam na construção da usina de Belo Monte, em Altamira (PA). Os trabalhadores entraram em greve no último dia 23 e deveriam retornar ao trabalho nesta sexta-feira (4), mas o retorno foi parcial. A paralisação foi considerada ilegal pela Justiça.

Bala Rocha afirmou que vai marcar uma audiência com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; e com o ministro do Trabalho, Brizola Neto, para tentar facilitar as negociações entre o sindicato dos trabalhadores e o Consórcio Construtor Belo Monte, responsável pelas obras.

Na quinta-feira (3), Bala Rocha e os deputados Laercio Oliveira (PR-SE) e Lira Maia (DEM-PA) foram a Altamira acompanhar a situação dos trabalhadores. Após se reunir com representantes dos operários, Bala Rocha disse que é preciso reconhecer que a construtora está melhorando as condições dos trabalhadores, mas ressaltou que o processo está lento e precisa avançar.

“Em outros empreendimentos da mesma envergadura, como Jirau e Santo Antônio, já houve uma redução [do intervalo] da visita-família de seis meses para três meses. Acredito que aqui [em Belo Monte] esse procedimento precisa ser adotado também. Acho que é justa a reivindicação dos trabalhadores nesse aspecto”, disse o parlamentar.

O consórcio construtor negou a reivindicação dos trabalhadores de redução do intervalo de tempo para que eles possam visitar por nove dias suas famílias. O prazo hoje é de seis meses, e os operários querem a visita a cada 90 dias. Também foi negado o pleito de aumento do tíquete-refeição, de R$ 95 para R$ 300.

Impacto financeiro

O diretor administrativo do consórcio construtor, Marcos Sordi, disse que não há como atender às exigências. “Para as duas principais reivindicações, o impacto inicial que estamos calculando, ao longo de todo o empreendimento, seria ao redor de R$ 500 milhões. A gente não tira isso de árvore.”

A falta de disposição em negociar da construtora causou revolta entre os grevistas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Pesada do Pará, Giovani Resende, reclamou das condições de trabalho nas obras da usina. “A obra não tinha condições de começar. A gente vê o caos na cidade: trabalhadores mal alojados, condições difíceis de alimentação e de dormir.”

O deputado Sebastião Bala Rocha disse esperar que a criação do grupo de trabalho, em articulação com o governo, possibilite antecipar as negociações entre o sindicato e o consórcio construtor, previstas só para novembro, na data-base dos trabalhadores.

Apesar de a greve ter sido oficialmente encerrada, os trabalhadores afirmaram que vão esperar o resultado de novas reuniões de conciliação na Justiça e no Ministério Público do Trabalho, previstas para terça e quarta-feira da semana que vem. Tanto o sindicato quanto o consórcio construtor dizem já ter orientado os operários a voltar ao trabalho.

Belo Monte é a maior hidrelétrica em construção no mundo e será a segunda maior em geração de energia no Brasil, depois que ficar totalmente pronta, em 2019, perdendo só para Itaipu. A usina vai gerar, em média, 4.500 megawatts, o suficiente para abastecer 4 em cada 10 casas do País. A obra envolve o investimento de aproximadamente R$ 35 bilhões.

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