Antigas reivindicações provocam a terceira greve em Belo Monte

Grevistas vão formar comissão para retomar negociações com o consórcio responsável pela obra, que já descartou o atendimento às exigências e prometeu recorrer à Justiça contra o movimento

Folgas em intervalores menores para visitar a família e vale-alimentação de R$ 300, cobrados desde novembro, motivam a paralisação (Foto: Juca Varella/Folhapress)

São Paulo – Os trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, em Altamira (PA) entraram em greve hoje (23) pela terceira vez desde novembro por não verem atendidas suas reivindicações pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela obra.

Desde a primeira paralisação, em novembro de 2011, e a segunda, de 26 de março a 1º de abril, os trabalhadores pedem descanso de nove dias a cada três meses trabalhados – atualmente são seis meses. Este é o único intervalo disponível para que os operários, chegados de outros estados, possam visitar as famílias. Eles também pedem o aumento do vale-alimentação de R$ 95 para R$ 300.

Os trabalhadores também criticam o desvio de função, afirmando que há casos de pessoas contratadas para uma função e colocadas em outras. Eles também denunciam o mau estado de conservação dos veículos que os levam da cidade para os canteiros de obras.

As distâncias para os trabalhadores chegarem aos canteiros variam de 43 a 85 quilômetros, entre 35 minutos e 1 hora e meia de viagem. Para Francenildo Teixeira Farias, demitido no último dia 12 pelo consórcio, os ônibus não são apropriados e os assentos são ruins. “Os trabalhadores já chegam cansados na obra.” 

Farias disse que os trabalhadores não aceitam as demissões decorrentes da segunda paralisação. “Estamos exigindo o retorno de todos os demitidos por terem se envolvido na greve do mês passado. Calculamos que foram dispensados de 100 a 150 trabalhadores”, disse.

Segundo os grevistas, haverá amanhã (24) uma assembleia para organizar uma nova comissão para encaminhar as negociações. “Esperamos que a empresa atenda aos trabalhadores e resolva essa situação imediatamente”, disse. 

Em nota enviada à Agência Brasil, o Consórcio Construtor de Belo Monte informou que vai recorrer à Justiça alegando que as reivindicações foram apresentadas fora da data-base da categoria, em outubro. “A paralisação surgiu do não atendimento pelo CCBM de reivindicações realizadas fora da data-base da categoria, e em plena vigência de acordo coletivo de trabalho válido até outubro de 2012”, destaca a nota.

 

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