Sindicato vai entrar com ação coletiva contra Marfrig por acidente em curtume

Quatro pessoas morreram no local. Há relatos de que os funcionários não usavam máscara de proteção no momento do acidente

São Paulo – O Sindicato dos Trabalhadores em Curtumes e Artefatos de Couros do Mato Grosso do Sul informou nesta quinta-feira (2) que vai entrar com ação coletiva pelos danos causados aos funcionários durante acidente na cidade de Bataguassu, no interior do estado, que deixou quatro mortos e resultou na internação de mais 20 pessoas.

A versão dada em perícia da polícia técnica e do Corpo de Bombeiros é de que houve reação química no descarregamento do ácido dicloro-propiônico. O advogado do sindicato, Wender Rodrigues dos Santos, disse que a Marfrig deu garantia de que as famílias das vítimas terão assistência financeira. Ainda assim, as medidas não deverão livrar a empresa de processo. “A ação coletiva tem objetivo de receber as devidas indenizações conforme o arbítrio do juiz sobre as vítimas fatais e das que tiveram de qualquer forma participação no dia”, disse. Ele estima que os documentos estarão prontos para serem apresentados à Justiça do Trabalho na próxima terça-feira (7). 

A entidade acompanha o trabalho de vistoria do local e tem colhido desde a quarta (1º) depoimentos dos empregados da Marfrig. Uma das pessoas que chegaram a desmaiar no acidente pela inalação do produto afirmou que no momento não usava máscaras de proteção, situação na qual estariam todos na área em que houve o descarregamento de produtos tóxicos. “Em específico, seria importante o uso de proteções naquele ambiente. Tanto que no relato do rapaz, ele diz que desmaiou correndo fora da indústria e, quando voltou a si, colocou a máscara para tentar ajuda”, disse o advogado.

Um inquérito está sendo conduzido pela Polícia Civil. Na última quarta-feira (1º), a polícia ambiental multou a Marfrig em R$ 1 milhão pela liberação de gases tóxicos.

A investivação deve apurar também se estava havendo reuniões da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). “Observada uma irregularidade, tentamos entrar em contato com a empresa para ver se resolve. Não resolvendo, normalmente pedimos insalubridade de uma forma genérica”, disse Wender. A partir da decisão do Judiciário, a empresa é obrigada a se adequar. Caso não siga as normas, é condenada.

Em nota, a Marfrig se limita a dizer que “nenhum dano ambiental ou estrutural na unidade foi identificado”, e que assim que as causas do acidentes forem comprovadas, voltará a se pronunciar à imprensa.

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