Metalúrgicos do estado de São Paulo param em defesa do emprego na linha branca

Manifestação nesta quinta em São Carlos deve envolver 5 mil trabalhadores contra demissões no setor

São Paulo – Metalúrgicos de várias regiões do estado protestam nesta quinta-feira (9) em São Carlos, interior de São Paulo, em defesa do emprego no setor de linha branca. A manifestação deve reunir 14 sindicatos ligados à CUT e 5 mil trabalhadores. Segundo os organizadores, será um alerta ao poder público e às empresas do segmento a respeito das consequências das importações no setor. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a atividade é responsável por cerca de 120 mil empregos.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos, Erick Pereira, disse que as demissões ocorreram gradativamente no ano passado, mas no fim do ano houve um salto atípico. “Algumas empresas também agiram de maneira estranha: a Electrolux, por exemplo, aumentou significativamente a hora extra dos funcionários sem contratar”, diz o sindicalista.

“A redução do IPI da linha branca deveria ter sido acompanhada do compromisso de índice mínimo de conteúdo nacional, mas o setor está desprotegido. Não adianta as vendas dispararem, esvaziar estoques e não criar empregos no país”, critica o presidente do sindicato da categoria no ABC, Sérgio Nobre.

Os sindicatos devem entregar ao Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio nos próximos dias um estudo feito pelo Dieese sobre o impacto das importações sobre os emrpegos. Segundo o documento, a aquisição de componentes da linha branca no mercado externo cresceu 658,6% nos últimos dez anos, enquanto a produção caseira, apenas 63,1%.

“O governo incentivou a produção do setor, reduzir o IPI foi bom, mas faltou colocar uma trava na importação. A indústria nacional está perdendo oportunidade de crescer”, alerta Fausto Augusto Júnior, do Dieese.

Para Sérgio Nobre, o o otimismo com o bom momento econômico do país não justifica “fechar nossos olhos aos graves problemas que ainda temos que superar”. Ele defende a adoção de medidas urgentes contra as importações.

“As vendas de veículos importados pelas montadoras cresceram 17,9% apenas em janeiro, mostrando que o problema também atinge os metalúrgicos do ABC e outros setores, como o de calçados, vestuário”, concluiu. Na área da linha branca as importações atingiram a produção de componentes ao custo de 20% do total de funcionários em algumas empresas.

Entre as propostas dos metalúrgicos, estão a garantia da utilização dos componentes nacionais (oficializando o conceito do produto nacional eletroeletrônico); que os poderes públicos priorizem a compra de produtos da linha branca produzidos 100% no país; incentivos para a compra de eletroeletrônicos nacionais (que respeitem quesitos de eficiência energética e de proteção ao meio ambiente; proposta ao governo federal de que projetos como Minha Casa, Minha Vida contemplem moradias equipadas com linha branca e a produção de campanhas de esclarecimento aos consumidores sobre a importância de escolher produtos nacionais.

Com informações dos jornais Tribuna Metalúrgica e Valor Econômico