Crescem rotatividade e demissões nos bancos

Segundo pesquisa Contraf/Dieese, só nos bancos Itaú e Santander foram cortadas 4.132 vagas entre janeiro e setembro deste ano

São Paulo – Apesar de os bancos brasileiros terem criado 18.167 empregos entre janeiro e setembro de 2011, o número de demissões e de rotatividade aumentou. Os dados são da 11ª Pesquisa de Emprego Bancário, elaborada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo os sindicalistas, o número de vagas poderia ser maior caso bancos como o Itaú Unibanco e Santander não tivessem cortado, respectivamente, 2.496 e 1.636 vagas no mesmo período. Houve também a redução de 23,32% no ritmo de criação de empregos durante o terceiro trimestre, em relação ao ano passado. Na comparação deste período, 6.189 vagas foram abertas, ante 8.071 em 2010.

Nos primeiros nove meses do ano, foram 46.064 admissões e 27.897 desligamentos, resultando em saldo positivo e expansão de 6,45% no emprego bancário. “A geração de empregos é positiva, mas os bancos têm condições de aumentar as contratações e abrir mais vagas, na medida em que lucraram mais de R$ 37,2 bilhões nos primeiros nove meses deste ano”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. Os bancos contribuíram com 1,01% do total de empregos criados na economia brasileira (1.805.337).

As regiões Norte e Nordeste registraram o melhor desempenho na criação de empregos, com crescimento de 125,47% e 478,11%, respectivamente. No Sudeste, houve queda de 31,73% em  relação aos resultados do ano passado, assim como no Sul (-4,55%) e Centro-Oeste (-0,57%).

Desligamentos e remuneração

Em relação aos desligamentos, o levantamento aponta que 59,22% dos bancários são dispensados antes de completar cinco anos no emprego – 20,67% do total saíram antes do primeiro ano de registro, ante 15,7% de 2010. As demissões sem justa causa somam 47,8%. “Esses dados comprovam a crueldade da política de rotatividade dos bancos, que demitem trabalhadores para baixar custos e turbinar ainda mais os seus lucros”, lamenta Cordeiro.

Os funcionários desligados estão entre as maiores faixas salariais, concentrando as contratações nas menores remunerações entre dois e três salários mínimos. Nos segmentos seguintes (até sete salários mínimos), as faixas representam saldo negativo de emprego (menos 4.535 postos). A média de salário de quem é admitido é de R$ 2.487,74 – 38,45% menor que a média salarial dos dispensados (R$ 4.041,62). Para a Contraf, os bancos continuam utilizando a rotatividade nas vagas para reduzir os gastos com salário, demitindo funcionários com salários maiores.

Diferenças

As mulheres, que representam 47,81% da categoria, continuam ganhando menos que homens. Enquanto a remuneração média dos homens admitidos é de R$ 2.842,71, a das mulheres fica em R$ 2.100. Entre os desligados, R$ 4.679,21 e R$ 3.304,33, respectivamente, uma diferença de 26,12%.

A diferença também está na faixa etária dos contratados. Foi registrado o fechamento de 5.311 postos de trabalho de bancários a partir dos 40 anos.