Prêmio da CUT ajuda a resgatar história e a pensar futuro, diz Artur

Presidente da CUT defende unidade de movimentos sociais por 'três ou quatro prioridades' para garantir avanços até 2014

São Paulo – O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, defendeu a necessidade de se preservar a história do movimento social no Brasil. Durante o evento “Cartas na Mesa”, realizado nesta sexta-feira (18), na capital paulista, e organizado pela Rede Brasil Atual, Artur disse ainda que é importante garantir unidade do movimento social em torno de três ou quatro prioridades até 2014, ano que marca o fim do mandato atual da presidenta Dilma Rousseff.

“Houve quem tivesse a ilusão, em 2003 (quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente) que se decretaria o socialismo por decreto, mas claro que não foi assim”, lembrou Artur. “Mas parte do que foi conquistado nos últimos oito anos e 10 meses pode ser perdido com uma canetada, porque não foi transformado em lei.”

Ele lembrou que movimentos de trabalhadores, de mulheres, de estudantes etc. conseguiam manter reivindicações mais homogêneas diante da ditadura e da necessidade de redemocratização, ao passo que, atualmente, há um número elevado de demandas encampadas por elas separadamente. Falta, porém, articulação por pontos prioritários.

“Podemos chegar a 2014 com 16 milhões de pessoas tendo saído da miséria, mas a esquerda e o movimento social precisam ter unidade para fazer pressão”, afirmou. “Com três ou quatro bandeiras, o movimento consegue sair às ruas para ocupar e pressionar por mudanças e transformações importantes. A Dilma foi eleita para aprofundar as mudanças, não para fazer a mesma coisa que o Lula.”

O ponto mais enfatizado pelo presidente da CUT foi a proposta de emenda constitucional (PEC) 438/2001, do Trabalho Escravo, há pelo menos dez anos em tramitação no Congresso Nacional. Artur citou ainda questões como a reforma política – “para impedir a ‘volta’ do voto censitário ao país” – e tributária – voltada a reverter a dinâmica regressiva da cobrança de impostos no país.

Prêmio

Artur explicou a decisão de promover o prêmio Liberdade e Democracia Sempre pela CUT em função da necessidade de se preservar a história. Ele lembrou que o movimento sindical e social tem poucos momentos dedicados a rever o passado. “Lançamos um documentário da Conclat (realizada na Praia Grande em 1981), o que ajuda, mas perdemos a oportunidade de ouvir outros companheiros”, exemplificou.

Os vencedores em seis categoria – cinco das quais escolhidas por voto pela internet até o fim de novembro – serão anunciados no dia 2 de dezembro. A entrega está marcada para 13 de dezembro, data da criação do 43º aniversário do Ato Institucional 5 (AI-5) pela ditadura, no Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica (PUC). O dia e o local foram escolhidos por seu caráter simbólico para a luta pela democracia.

“Resgatar a história é absolutamente fundamental para a esquerda, com um olhar específico”, defendeu Artur. “Resgatar a história apenas pode ser pouco, mas será bastante se usarmos isso para fazer uma reflexão sobre o presente e para pensar o futuro.”

O prêmio foi criado também com o objetivo de “manter acesa a chama da luta pela liberdade e pela democracia”, mas principalmente olhar para o presente para “mostrar que são lutas permanentes”.

A quinta edição do “Cartas na Mesa” contou com a abertura da presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, além da presença de diversas lideranças do movimento de trabalhadores e jornalistas de veículos da Rede Brasil Atual e de estruturas dos sindicatos que participam do projeto de comunicação.