Plenária da CUT reforça bandeiras de luta dos trabalhadores

Ganho real dos salários, repúdio às privatizações, reforma da educação e fim do imposto sindical estão entre os temas que saem fortalecidos do ciclo de debates da central

Guarulhos – Dirigentes de confederações, federações e sindicatos presentes à 13ª Plenária Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizada em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, avaliam que o evento fortalece e “potencializa” a pauta da classe trabalhadora. Com o tema Liberdade e Autonomia Sindical, a central realiza sua 13ª reunião plenária, que se estende até esta sexta-feira (7).

Na avaliação das lideranças, os debates fortalecem a intervenção da CUT nos principais embates colocados pela conjuntura, como a luta por ganho real de salário – com o apoio, por exemplo, à greve dos bancários e Correios -, em defesa do Piso Salarial Nacional do Magistério, contra os leilões de petróleo e a privatização dos aeroportos, entre outros.

O fato de a plenária apontar para a defesa da educação pública de uma forma bastante concreta, coloca a luta da categoria em novo patamar, avalia o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão. “Vamos exigir 10% do PIB para a educação e que 50% dos recursos do fundo do pré-sal sejam aplicados no setor para termos um ensino público de qualidade socialmente referenciado”, afirma.

Leão lembrou que hoje para fazer valer uma lei como a do Piso Salarial Nacional, aprovada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, em muitos estados os professores estão tendo de ir à greve – casos de Minas Gerais e Ceará.

A conjuntura política e econômica internacional requer uma intervenção mais efetiva dos Estados nacionais, avalia o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Moraes. “A realidade demonstra claramente que a ausência do Estado na economia fragiliza as nações e tem se revelado um imenso fiasco, levando muitos países à derrocada”.

Moraes reitera que a entidade se opõe às iniciativas governamentais de privatizar setores da economia nacional. “O povo expressou seu sentimento contra as privatizações quando elegeu esse governo. A manutenção dos leilões do petróleo são um contrassenso, assim como a privatização dos aeroportos. São um erro estratégico, que fragiliza a economia e a soberania nacional.”

“Como estamos às vésperas da publicação do edital de privatização dos aeroportos, este é um momento decisivo para a luta em defesa do patrimônio público e dos empregos”, acrescenta o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), Celso Klafke. Na sua avaliação, “é preciso colocar o bloco na rua, indo à luta com determinação revigorada para enfrentar uma batalha decisiva, em que estão em jogo os interesses do Brasil e dos trabalhadores”.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT), Claudio da Silva Gomes, lembrou que a unidade de ação cutista é essencial diante de ações do governo que contrariam os interesses da classe trabalhadora, como as recentes posições defendidas pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda. “É inaceitável que venham nos dizer que não é o momento de reivindicar aumento real, que venham tentar nos convencer de que vão combater a crise com medidas conservadoras, como o fortalecer investimentos públicos e valorizar o poder de compra do salário mínimo”, acrescentou.

Para a presidenta da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-Brasil), Elisângela Araújo, “a construção de um Brasil sem miséria só acontecerá com a efetivação da reforma agrária para enfrentar a grave concentração fundiária, com prioridade para a distribuição de terras e condições para que os trabalhadores possam produzir mais e melhor os alimentos para o povo brasileiro”. “Não há como avançar sem ampliar substancialmente o volume de recursos de investimentos para a agricultura familiar, sem enfrentar o problema do crescente endividamento e valorizar parte do Orçamento para o setor”, disse Elisângela.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comércio e Serviços (Contracs/CUT), Lucilene Binsfeld (Tudi), acredita que o debate sobre liberdade e autonomia sindical “remete a um novo patamar de organização das nossas entidades, a uma prática mais vinculada à base, ao dia a dia dos trabalhadores”. “Acabar com o imposto sindical e substituí-lo pela contribuição negocial significa construirmos entidades efetivamente representativas, mais democráticas, livrando o trabalhador de entidades que só servem ao patronato”, acrescentou.

Segundo Cida Trajano, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV), ao reafirmar a luta pela liberdade e autonomia sindical, a CUT resgata princípios históricos para a efetivação de seu projeto histórico. “A substituição do imposto sindical pela contribuição negocial abre espaço para a construção de entidades mais representativas e autênticas”, acredita. Para Cida, é preciso afirmar e reafirmar que o projeto cutista é o de ganho real de salários, da consolidação do trabalho decente, de políticas públicas para o conjunto da população, em contraposição à política de estado mínimo defendida pela elite reacionária e por alguns desavisados dentro do governo federal.

Já o diretor de Imprensa do Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio de Janeiro (Sisejufe), Roberto Ponciano, a plenária aponta que a CUT está “mais aberta às reivindicações do ramo público”. “O fortalecimento e a valorização dos serviços e dos servidores públicos é essencial para o desenvolvimento de qualquer nação. Proporcionalmente, temos muito poucos servidores em comparação com os Estados Unidos. Em relação à Europa então nem se fala. Precisamos de mais concursos públicos e de um combate efetivo à terceirização para invertermos a atual lógica privatista pela qual só a população que paga pelos serviços de saúde, educação e justiça tem acesso a eles”, condenou.