Bancários prometem ‘fazer barulho’ ante silêncio da Fenaban

Organizadores da greve dos bancários, que dura 15 dias, vão solicitar audiência com a presidenta Dilma para expor a situação da categoria

O protesto é por conta do silêncio da Fenaban que não sinalizou com nova proposta salarial (Foto: Paulo Pepe / SEEBSP)

São Paulo – Bancários de São Paulo, em greve há 15 dias, concentraram-se no centro da cidade na tarde desta terça-feira (11) para “fazer barulho” pelo fim do silêncio da Federação dos Bancos (Fenaban), que não sinalizou com nova proposta salarial à categoria, com data-base em 1º de setembro. O movimento será intensificado e uma carta será encaminhada ao governo federal com o pedido de que a presidenta Dilma Rousseff interceda junto aos bancos.

A organização do protesto levou a escola de samba Tom Maior à manifestação, em frente ao prédio administrativo do Itaú Unibanco, na Praça do Patriarca, para marcar a primeira quinzena da greve. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a paralisação já é a maior dos últimos 20 anos, ultrapassando a marca das 9 mil agências paradas no país.

Dirigentes de sindicatos de outras categorias, como químicos, psicólogos e jornalistas, compareceram para apoiar o movimento. 

“É vergonhoso que esse tipo de coisa aconteça, principalmente em se tratando de bancos”, disse João Batista Gomes, o Joãozinho, secretário de Políticas Sociais da CUT de São Paulo, comparando o silêncio dos banqueiros com o impasse nas negociações entre o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e os servidores municipais paulistanos, que receberam 0,01% de reajuste salarial este ano. “Assim como há luta em todas as categorias, temos condições de derrotar a vontade dos bancos e vencer o impasse”, avaliou.

Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, a greve cresceu novamente. A próxima tentativa é conversar com o presidente da Fenaban, Murilo Portugal, solicitando formalmente a reunião. Um relatório com dados sobre os lucros dos bancos e sobre as condições dos bancários, com sobrecarga de trabalho nas agências, deve ser enviado à presidenta Dilma.

Outro pedido à presidenta é sobre a realização de uma Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro para discutir o papel dos bancos no país, reivindicação antiga da Contraf.  “Vamos mostrar o porquê disso e dizer que são eles que estão botando a greve para acontecer. Eles (os bancos) têm toda a condição de resolver, inclusive os bancos públicos”, frisou Juvandia. De acordo com pesquisa da Contraf-CUT e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os bancos brasileiros são os que mais lucram na América Latina. No entanto, pagam piso salarial menor do que os bancos argentinos e uruguaios.

Os bancários pedem reajuste de 12,8%, o que representa 5% de aumento real –, valorização do piso salarial, participação nos lucros ou resultados (PLR) maior, e cláusulas sociais, como o combate ao assédio moral, fim das metas abusivas, segurança, fim da rotatividade e igualdade nas oportunidades. A proposta dos bancos foi de 8%, que representa aumento real de 0,56%.

Protestos

Uma série de manifestações pela campanha salarial está programada para esta sexta-feira (14) em todo o país. Com a participação de movimentos sociais, os sindicatos devem denunciar a “ganância” dos bancos, e a falta de responsabilidade social com seus funcionários e clientes. Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, a principal cobrança deve ser pela distribuição de renda. “O papel do sistema financeiro é oferecer crédito barato e acessível para financiar o desenvolvimento econômico e social do país. No entanto, não é isso que acontece no Brasil”, rechaçou.