Suplicy promete interceder junto a Kassab por diálogo com servidores grevistas

Funcionalismo público de São Paulo não consegue negociação com prefeito por reajuste

Presente no ato público dos servidores, o senador se comprometeu a dialogar com Kassab sobre reajustes (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

São Paulo – O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) declarou nesta segunda-feira (5) que irá interceder junto ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM, a caminho do PSD), para que receba os representantes das categorias do funcionalismo público, em greve desde a última semana. No dia em que foi divulgada, em pesquisa Datafolha, a pior aprovação em quatro anos de Kassab, os servidores municipais de São Paulo realizaram ato público em frente à sede da prefeitura, no centro da capital, para pressionar por uma nova rodada de negociações salariais com os representantes da administração.

Suplicy participou da manifestação e afirmou ter tomado conhecimento do movimento dos servidores após a greve do serviço funerário – a categoria retornou ao trabalho na sexta-feira (2), após decisão judicial. “Li em uma matéria (sobre) quanto tempo eles estão sem reajuste. Enquanto isso, observamos que teve o reajuste da remuneração dos secretários, da vice-prefeita e do próprio prefeito”, criticou o senador. O prefeito Gilberto Kassab participa, nesta segunda, de um seminário sobre urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital.

Suplicy teorizou, recorrendo ao livro “Teoria da Justiça”, do filósofo político norte-americano John Rawls. Segundo ele, uma administração só poderia ser considerada justa se os benefícios concedidos a determinadas figuras se estendessem aos demais. O caso prático a que Suplicy aplica a premissa é aos reajustes de 95%, ao salário de Kassab, de 294%, ao da vice-prefeita Alda Marco Antônio, e de 251%, aos dos secretários – todos concedidos neste ano. Para os funcionários públicos, foi aplicado apenas o que prevê a legislação, 0,01% de correção.

“A remuneração dos servidores dos cemitérios, que fazem um trabalho extremamente árduo, é baixa. É de bom senso, é de justiça e de princípios que o prefeito possa dialogar e pensar num reajuste adequado”, disse Suplicy. Ele ainda comparou o funcionalismo público a um time de “craques”, em que só haverá estímulo suficiente para que cada um ofereça o melhor de si se a remuneração for maior.

Atualmente, o salário-base dos servidores em início de carreira é R$ 440, inferior ao salário mínimo (R$ 545), porque considera jornada de menos de 44 horas semanais. Em carta aberta à população de São Paulo, os servidores relatam que estão há 16 anos sem reposição de perdas salariais, além de apontarem a precariedade das condições de trabalho. O reajuste defendido é de 39,7%, a título de compensação da inflação acumulada no período de 2005 a 2011, durante os mandatos de Kassab.

Servidora pública há 39 anos, Irene Batista de Paula, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias de São Paulo (Sindsep), lembrou que o tratamento da prefeitura aos servidores desmotiva os profissionais. “A truculência do governo Gilberto Kassab está fazendo com que a gente perca de alguma forma aquela ansiedade e dedicação que a todo momento a gente tem de enfrentar os trabalhos, dos mais simples aos mais excruciantes, como os dos sepultadores”, disse.

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