Proposta insuficiente leva bancários à greve a partir de terça-feira

Fenaban propõe 0,56% de aumento real e nega melhorias em demais cláusulas econômicas e sociais. Categoria fará assembleias pelo país na noite de segunda

Comando Nacional dos Bancários negocia com setor patronal reajuste salarial da categoria (Foto: Jailton Garcia/Seeb-SP)

São Paulo – Fracassou a nova rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na tarde desta sexta-feira (23), em São Paulo. A entidade patronal propôs reajuste salarial de 8%. A oferta foi avaliada insuficiente pelos representantes da categoria. Com isso, a expectativa é de greve nacional a partir de terça-feira (27). Assembleias serão realizadas na noite anterior em todo o país.

A proposta dos banqueiros também não atende a  nenhuma das outras reivindicações dos trabalhadores, como aumento da participação nos lucros ou resultados (PLR) e valorização do piso salarial. Os negociadores da Fenaban também não apresentaram qualquer proposta para as reivindicações de emprego e melhores condições de trabalho. Segundo o Comando dos Bancários, os 8% representam aumento real de 0,56% – diferença de apenas 0,19 ponto percentual em relação à proposta anterior. Os bancários reivindicam aumento de 12,8% (5% de ganho real mais a inflação).

Sem avanços nas negociações, estão mantidas as assembleias que serão realizadas às 19h da segunda-feira (26) para organizar a greve por tempo indeterminado, a partir do dia seguinte. “Além de apresentar proposta insuficiente para o índice, não trouxeram nada para a valorização do piso, para melhorar a PLR e as condições de trabalho, principalmente no que se refere ao fim das metas abusivas e a garantia de emprego, questões fundamentais para os bancários”, protestou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.

“Contamos com todos os bancários na assembleia de segunda-feira, na quadra (do sindicato da categoria), para organizarmos a paralisação ainda mais forte que a do ano passado. Ficou claro que só assim os banqueiros vão entender a insatisfação da categoria. Os trabalhadores sabem que somente muita mobilização pode mudar esse quadro”, completou a presidenta do sindicato.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional, Carlos Cordeiro, lamentou que os bancos insistam em esgotar todas as vias de entendimento, sem valorizar os trabalhadores do setor. “Desde o início apostamos no processo de negociação, mas agora vamos intensificar a mobilização da categoria em todo o país para realizar uma greve forte, a fim de arrancar dos bancos uma proposta decente.” No primeiro semestre deste ano, segundo ele, os bancos lucraram mais de R$ 27 bilhões.