Para sindicato, Kassab ‘radicaliza’ contra servidores públicos
Paralisação do serviço funerário continua pelo menos até esta segunda-feira. Prefeito de São Paulo diz que será 'implacável' com os grevistas, que não alegam não ter aumento há cinco anos
Publicado 01/09/2011 - 16h49
Gilberto Kassab prometeu ser “implacável” com os grevistas do serviço funerário (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
São Paulo – O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM rumo ao PSD), está “radicalizando” sua posição ao decidir não atender aos pedidos de diálogo dos servidores municipais. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), a administração municipal não apresentou proposta salarial, nem se mostra disposta a solucionar o impasse por meio da negociação.
Em greve há dois dias, os funcionários do serviço funerário de São Paulo decidiram, nesta quinta-feira (1º), manter a paralisação pelo menos até a próxima segunda-feira (5), quando acontece nova assembleia e ato em frente à sede da prefeitura.
Na última quarta-feira (31), Kassab declarou que será “implacável” com os grevistas. De acordo com ele, já foi pedida a substituição dos trabalhadores que estão parados, a realização de novos concursos e a autorização para contratações emergenciais. “Greve em serviço essencial é chantagem, e a prefeitura não aceita chantagem. Fui eleito pela população para adotar medidas, quando necessárias, duras. Eu posso afirmar: seremos duros, seremos implacáveis, porque é inadmissível a greve de um serviço como esse”, esbravejou.
Desde que assumiu o cargo, em 2005, os servidores públicos recebem reajustes anuais de 0,01%, previstos na legislação municipal. O recurso de oferecer um aumento mínimo é visto como uma forma de evitar ações judiciais por parte de funcionários. Ao recusar-se a negociar, a presidente do Sindsep, Irene Batista de Paula, Kassab mantém o tipo de atitude que marcou seus anos anteriores de mandato.
“Ele (Kassab) nunca conversou, e não é agora que vai conversar”, ataca. “Ele vai para a mídia, que transmite que ‘não tem greve’, mas a paralisação é um fato. Prova disso é o serviço funerário.” Não houve abertura para conversas com os assessores da prefeitura durante os protestos desta quinta, fator considerado determinante para que a greve tivesse continuidade.
Os agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e funcionários terceirizados foram chamados para substituir os servidores grevistas. Cerca de 90% dos funcionários do serviço funerário aderiram à paralisação, segundo o Sindsep, além de 100% dos funcionário da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, subprefeituras e Secretaria de Finanças.
As categorias do funcionalismo público paulistano pedem a ampliação dos índices apresentados para a saúde e educação – 13,43% e 11,23%, respectivamente – para 39,7% de reajuste. O percentual pleiteado representa a reposição salarial de 2005 até 2011 a todas as categorias. Também pedem a mudança na lei salarial, revisão dos planos de carreira e gratificações aos aposentados. Eles protestam contra os reajustes anuais de 0,01% previstos pela legislação municipal, estopim da série de manifestações da campanha salarial.