Para sindicato, Kassab ‘radicaliza’ contra servidores públicos

Paralisação do serviço funerário continua pelo menos até esta segunda-feira. Prefeito de São Paulo diz que será 'implacável' com os grevistas, que não alegam não ter aumento há cinco anos

Gilberto Kassab prometeu ser “implacável” com os grevistas do serviço funerário (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM rumo ao PSD), está “radicalizando” sua posição ao decidir não atender aos pedidos de diálogo dos servidores municipais. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), a administração municipal não apresentou proposta salarial, nem se mostra disposta a solucionar o impasse por meio da negociação.

Em greve há dois dias, os funcionários do serviço funerário de São Paulo decidiram, nesta quinta-feira (1º), manter a paralisação pelo menos até a próxima segunda-feira (5), quando acontece nova assembleia e ato em frente à sede da prefeitura.

Na última quarta-feira (31), Kassab declarou que será “implacável” com os grevistas. De acordo com ele, já foi pedida a substituição dos trabalhadores que estão parados, a realização de novos concursos e a autorização para contratações emergenciais. “Greve em serviço essencial é chantagem, e a prefeitura não aceita chantagem. Fui eleito pela população para adotar medidas, quando necessárias, duras. Eu posso afirmar: seremos duros, seremos implacáveis, porque é inadmissível a greve de um serviço como esse”, esbravejou.

Desde que assumiu o cargo, em 2005, os servidores públicos recebem reajustes anuais de 0,01%, previstos na legislação municipal. O recurso de oferecer um aumento mínimo é visto como uma forma de evitar ações judiciais por parte de funcionários. Ao recusar-se a negociar, a presidente do Sindsep, Irene Batista de Paula, Kassab mantém o tipo de atitude que marcou seus anos anteriores de mandato.

“Ele (Kassab) nunca conversou, e não é agora que vai conversar”, ataca. “Ele vai para a mídia, que transmite que ‘não tem greve’, mas a paralisação é um fato. Prova disso é o serviço funerário.” Não houve abertura para conversas com os assessores da prefeitura durante os protestos desta quinta, fator considerado determinante para que a greve tivesse continuidade.

Os agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e funcionários terceirizados foram chamados para substituir os servidores grevistas. Cerca de 90% dos funcionários do serviço funerário aderiram à paralisação, segundo o Sindsep, além de 100% dos funcionário da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, subprefeituras e Secretaria de Finanças.

As categorias do funcionalismo público paulistano pedem a ampliação dos índices apresentados para a saúde e educação – 13,43% e 11,23%, respectivamente – para 39,7% de reajuste. O percentual pleiteado representa a reposição salarial de 2005 até 2011 a todas as categorias. Também  pedem a mudança na lei salarial, revisão dos planos de carreira e gratificações aos aposentados. Eles protestam contra os reajustes anuais de 0,01% previstos pela legislação municipal, estopim da série de manifestações da campanha salarial.

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