São Paulo – As reações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao assistir ao documentário “1ª Conclat”, realizado por Adrian Cooper em 1981, foram registradas em DVD e deram origem a um outro documentário, “Lula relembra a 1ª Conclat 30 anos depois”. Este foi o único registro audiovisual do grande encontro de dirigentes sindicais que daria origem à CUT dois anos depois.

“Puta merda, que cara feio”, espanta-se o ex-presidente diante da imagem daquele que, blusa de lã azul sobre uma camiseta vermelha e crachá no peito, dá entrevista para registro no filme. “Se a Marisa vir isso aí, eu vou ter de agradecer a ela por ter se casado comigo”, brinca.

O filme, realizado pela CUT e a Tatu Filmes, em parceria com a ViaTV, terá lançamento especial na noite de 10 de outubro, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, precedido da exibição do documentário, recuperado e gravado em DVD. Antes, entre os dias 4 e 7, será exibido na 13ª Plenária Nacional da CUT, que será realizada no Espaço Adamastor, em Guarulhos.

Segundo escreveu o presidente da CUT, Artur Henrique, em seu blogue, no documentário, Lula cita nomes dos companheiros de Conclat que vão surgindo na tela – ele sabe o que muitos deles fazem hoje, de todos lembra a categoria e o que faziam 30 anos atrás.

O filme mostra o ex-presidente sorrindo, ao acompanhar trecho do documentário em que é lida resolução em defesa da estatização dos bancos. Em outro momento, em que se fala sobre a  partidarização do encontro, Lula comenta que “havia muita preocupação com o PT” – em referência aos grupos que decidiram não participar da fundação da CUT, oriundos do PCB, MR8 e outros partidos mais antigos. “A tradição naquela época era partido de trabalhadores dirigidos por intelectuais, e o PT nascia dirigido por trabalhadores”, comenta o ex-presidente.

Em entrevista ao jornalista Daniel Brazil, ele reflete sobre a diferença entre os grupos que não participaram da fundação da CUT. “A gente tinha uma concepção de organização sindical de base que o outro pessoal não tinha.” Mais à frente, diz: “A gente manteve a coerência e nossos princípios estão em pé”.

Ao final, um comentário em tom amargo: “Tinha companheiro que estava lá antes de mim e ainda está. Isso dificulta a renovação”.

A Cinemateca Brasileira fica no largo Senador Raul Cardoso, 207, na Vila Mariana, em São Paulo.

Com informações da CUT e do Blog do Artur