‘Vinda de montadora chinesa só é positiva se a produção for nacional’, diz sindicalista

JAC Motors promete investir em unidade no país. A preocupação dos sindicalistas é com a possibilidade da empresa somente montar no Brasil

Montadora chinesa anunciou investimento de R$ 600 milhões para construção de unidade no Brasil (Foto: Reuters/Nacho Doce)

São Paulo – Na visão do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, a vinda da montadora chinesa JAC Motors ao Brasil só será bem vinda caso haja produção interna, e não somente a montagem dos veículos no país. O anúncio da construção de uma fábrica da empresa em solo brasileiro aconteceu na última segunda-feira (1º), com a promessa de investimento de R$ 600 milhões para a unidade, que ainda não tem local confirmado.

“Estamos defendendo que qualquer empresa que venha se instalar no Brasil, seja ela chinesa, alemã ou indiana, seja bem vinda desde que venha produzir automóveis no país”, defendeu Nobre. “Na China, se a empresa quiser produzir lá, existem condições. Então, o controle acionário por lá tem que pertencer ao governo Chinês com o compromisso de transferir tecnologia. Se eles quiserem produzir automóveis aqui e desenvolver engenharia, serão bem vindos”, pontuou.

O dirigente alerta para o risco de a montadora preferir a produção no exterior. “O que eles têm feito lá fora e o que eu acho que vão fazer no Brasil é trazer da China as peças prontas em caixa e apenas montar no país, com salário miserável. Se for isso, não tem o nosso apoio.”

A JAC, empresa que iniciou vendas no país em março com uma campanha massiva de vendas, prevê que a unidade deve ficar pronta em 2014, com capacidade de produção de 100 mil veículos ao ano. Outra empresa chinesa que também se instalou no país é a Chery, que lançou US$ 400 milhões para a construção da fábrica. Os anúncios vêm na contramão da discussão sobre o aumento das importações de veículos e podem ser um alento para a produção nacional de autopeças, que aumenta e melhora a qualidade do emprego no país.

Nobre ressalta ainda que, como vem sendo discutido nas conversas com o governo, a produção interna é prioridade. “Nós queremos ser produtores de automóveis. Nenhuma das montadoras que estão no país é nacional”, lembrou. “As tradicionais, que estão aqui há mais de 30 anos, são produtoras de veículos no país e têm engenharia por aqui. Tem que ter no mínimo 70% de produção tecnológica, e não só besteira como lataria.”

Outras montadoras também anunciaram a ampliação da produção no país, como a japonesa Suzuki e a sul-coreana Hyundai – com suas primeiras unidades – e a norte-americana General Motors, expandindo a capacidade.