Bancos negam garantia de emprego no início de negociações

Rodada continua nesta quarta, ainda com questões relativas a emprego e reivindicações sociais. Trabalhadores defendem inclusão bancária sem precarização

Reivindicações dos bancários sobre emprego e questões sociais foram apresentadas (Foto: Roberto Parizotti/Contraf-CUT Divulgação)

São Paulo – No primeiro dia de negociações da campanha salarial dos bancários, na terça-feira (30), na capital paulista, os bancos recusaram-se a atender demandas dos trabalhadores de garantia de emprego e adoção dos padrões previstos na Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Outros pleitos, como o fim das terceirizações e a expansão do acesso à rede bancária pela população sem recorrer a condições precárias de trabalho também foram apresentados. As negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) sobre emprego e reivindicações sociais seguem nesta quarta-feira (31).

A Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), foi apresentada. No primeiro semestre de 2011, embora os bancos tenham criado 11.958 postos de trabalho, o número de desligamentos aumentou (18.559). Para os sindicalistas, os dados mostram que as empresas adotam a rotatividade de mão de obra para reduzir custos, já que a média salarial dos demitidos é superior à dos admitidos.

A Convenção 158 da OIT dificulta demissões imotivadas – sem justa causa – o que contribuiria para acabar com a alta rotatividade. No caso da terceirização, a demanda é que os bancos deixem de recorrer a prestadoras de serviços para setores de compensação, tesouraria, caixa rápido, home banking, autoatendimento, teleatendimento, cobrança, cartão de crédito e retaguarda.

Consultas e pesquisas realizadas com a categoria em todo o país confirmaram que os trabalhadores colocam a garantia de emprego como uma das principais preocupações. “Cobramos o fim das demissões e a garantia de emprego”, relata Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Ela lembrou que, em bancos públicos, há estabilidade de emprego, o que representa pouco impacto sobre os resultados dessas empresas.

A preocupação com a condição de trabalho no ramo financeiro diante da expansão de correspondentes bancários também foi apresentada. O Comando Nacional dos Bancários defende que o acesso a serviços precisa ser assegurado à toda a população em agências e postos de atendimento, e não em correspondentes bancários (lojas que operam sem segurança especial nem condição de trabalho adequada.

A Fenaban alega que “correspondente não é banco”, já que apenas permite que o crédito oferecido pela instituição financeira chegue ao consumidor. Por isso, não atendeu à demanda de se abster de implantar resoluções do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central a respeito.

“Defendemos a inclusão bancária e dissemos à Fenaban que todos os brasileiros deveriam ter direito de ter conta em banco, com assessoria financeira, sigilo bancário e segurança”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. “Mas os correspondentes não fazem essa inclusão. Pelo contrário, eles excluem, porque estão sendo usados pelos bancos para atender a população de baixa renda, reservando as agências aos clientes mais abastados. Isso não é bancarização, é precarização.”

Os negociadores da Fenaban disseram ainda que os bancos não vão assinar a Declaração sobre a Venda Responsável de Produtos Financeiros, aprovada pelo Comitê Diretivo da UNI Finanças, em junho de 2010, durante reunião realizada em Copenhague, na Dinamarca. A carta prevê, entre outras coisas, o fim das metas abusivas e a garantia de uma “cultura interna de negócios e procedimentos operacionais que conduzam à venda responsável de produtos” – o que significa, por exemplo, evitar vender serviços e produtos que os clientes não necessitam.