Bancários entregam pauta à Fenaban e esperam início das negociações

Presidente da federação dos bancos, que assumiu cargo este ano, veio do FMI junto com atual presidente do Banco Central

São Paulo – Com a entrega da pauta de reivindicações, o Comando Nacional dos Bancários, formado por dirigentes de várias regiões e coordenado pela Contraf-CUT, a confederação nacional da categoria, espera agora o início da negociação. O documento foi entregue formalmente nesta sexta-feira (12) pelo coordenador do comando e presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, ao presidente da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), Murilo Portugal, que deixou o Fundo Monetário Internacional no início deste ano para assumir a entidade – no FMI, ele trabalhou com Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central. Portugal também foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda entre 2005 e 2006.

A pauta inclui reajuste salarial de 12,8%, índice que compreende aumento real de 5%, participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 4.500 e piso do Dieese (calculado em R$ 2.297,51 em junho). Os bancários também querem planos de cargos e salários, fim de metas abusivas e da rotatividade, mais contratações e reversão das terceirizações. A campanha também vai destacar itens relacionados ao trabalho decente, além de combate ao assédio moral.

O presidente da Contraf ressaltou o momento positivo do país, caracterizado por crescimento econômico e reconhecimento internacional. “Mas infelizmente o país está ainda entre as dez piores distribuições de renda do mundo. O sistema financeiro, que continua lucrando como nunca, precisa ajudar o país a transformar o crescimento econômico em desenvolvimento, com distribuição de renda”, afirmou. Sobre a rotatividade, o dirigente comparou o fenômeno a uma jabuticaba – que “só existe no Brasil”, completou.  “Infelizmente, os bancos internacionais só praticam a alta rotatividade aqui.” Ele também pediu critérios mais justos na remuneração dos trabalhadores. “A amplitude entre o maior e o menor salário nos bancos no Brasil é muito maior que nos outros países, como disseram os especialistas no seminário que a própria Fenaban organizou. Precisamos reduzir essa concentração de renda.”

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, citou estudo da entidade que mostra, entre outros itens, que 65% dos trabalhadores estão estressados, enquanto a média nacional é de 30%. “O estresse do qual os bancários se queixam está diretamente relacionado às metas inatingíveis, principalmente à maneira como são cobradas e estabelecidas”, disse Juvandia.