Após turbulência, sindicato dos gráficos de São Paulo confirma filiação à CUT

Presidente acusa Força Sindical de 'pressão infernal' contra decisão

São Paulo – O Sindicato dos Gráficos de São Paulo (Stig) assinou, nesta quarta-feira (24), a filiação da entidade à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A medida encerra o processo tumultuado de desligamento da Força Sindical que envolveu, segundo os dirigentes da categoria, ameaças e pressão.

Marcio Vasconcelos, presidente da entidade, assinou a filiação ao lado do presidente da CUT, Artur Henrique. A decisão foi aprovada em assembleia neste mês. Neste domingo (28), uma nova reunião da categoria deve definir a pauta de reivindicações da campanha salarial, e Vasconcelos acredita que pode haver novo foco de tensão.

Segundo o sindicalista, uma assembleia chegou a ser impedida por dirigentes da Força em 13 de agosto. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), é apontado como responsável pela pressão.

A CUT sustenta que a diretoria dos gráficos compareceu em peso à cerimônia de assinatura da filiação. O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, alega, porém, que a posição seria individual do presidente. “A maioria da executiva não quer sair da Força. Fizeram até uma reunião com uma ata pedindo a destituição do presidente”, disse.

A informação é de que o encontro dos diretores favoráveis à permanência da entidade junto à Força teria ocorrido na segunda-feira (22). O advogado ligado a esse grupo, Márcio Puccu, acusa Vasconcelos de ser investigado por “dilapidação do patrimônio do sindicato” e “abuso de poder”, sem detalhar o teor das acusações.

Vasconcelos qualifica de “maluquice ou blefe” a afirmação de que teria ocorrido a reunião para destitui-lo. Ele sustenta ainda que seria necessária uma assembleia de trabalhadores para essa finalidade. “É uma novidade para mim, embora não seja surpresa que eles aleguem isso depois de toda a pressão que fizeram”, disse. “O fato é que tenho vindo todos os dias ao sindicato e, no domingo, há assembleia.”

Informado sobre a menção a uma investigação, Vasconcelos disse desconhecer qualquer iniciativa nesse sentido e cogitar mover processo judicial contra o autor da ilação. “Desde o dia em que definimos pela filiação à CUT, existe uma pressão infernal sobre a diretoria executiva”, resume. Parte da diretoria foi, segundo o relato do presidente dos gráficos, cooptada pela Força depois da decisão, incluindo o tesoureiro da entidade. Por isso, ele deve buscar uma liminar na Justiça para garantir o pagamento das contas do sindicato.

“Tem sido questão de honra para o presidente da outra central nos atacar”, disse Vasconcelos durante a solenidade. “Ele disse a um dos nossos diretores que primeiro faria nossa destruição moral e depois física. A física não deu resultado, agora tentam nos desqualificar, desqualificar quem está conosco”, acrescentou.

Os episódios são um novo capítulo das tensões entre CUT e Força Sindical. Desde o início do ano, durante as negociações sobre o salário mínimo, divergências entre as entidades ficaram mais explícitas. Embora nunca tenham sido extintas, as discordâncias ideológicas foram deixadas de lado em campanhas pontuais, como a negociação da política de valorização do salário mínimo, da correção da tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física e pelo reconhecimento das centrais sindicais.

Entre os pontos em que não há consenso estão questões como o fim do imposto sindical. A CUT, a maior das seis centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, defende a extinção do tributo. Outro ponto de dissenso é a substituição do fator previdenciário pela fórmula 85/95 (que envolve a soma da idade com os anos de contribuição).

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