Altamira recebe regional do Ministério do Trabalho para fiscalizar Belo Monte

Auditores fiscais serão mantidos de forma permanente na cidade para fiscalizar as condições de trabalho nos canteiros de obra. Temor é evitar repetição de Jirau e Santo Antônio

São Paulo – Considerada a cidade que mais vai sofrer com os impactos sociais da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, Altamira (PA), a mil quilômetros de Belém, terá uma gerência regional permanente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para fiscalizar as condições trabalhistas da obra. A preocupação é evitar uma repetição dos fatos que ocorreram em março deste ano no canteiro das usinas das usinas de Jirau e Santo Antonio, em Rondônia.

O ministro Carlos Lupi esteve na quinta-feira (26) na cidade para anunciar as medidas que transferem a condição de Agência Regional para Gerência Regional, o que permite, por exemplo, que auditores fiscais do trabalho no município sejam alocados. A medida tem caráter preventiva, segundo Lupi. “Tive muito boa impressão deste inicio de obras, mas vamos garantir que quando o pico de trabalhadores chegar as condições permaneçam satisfatórias” afirmou Lupi.

A avaliação da a secretária de Inspeção do Trabalho, Vera Albuquerquer, é de que a mudança permite uma estrutura melhor para o atendimento à população crescente em Altamira, com mais fiscalização. O objetivo é garantir um “acompanhamento contínuo” da movimentação perto de Belo Monte, para garantir condições adequadas aos operários.

Em março deste ano, os trabalhadores das usinas de Jirau e Santo Antonio, em Rondônia, protestaram contra as condições precárias de trabalho oferecidas pelo consórcio de empresas que constróem o empreendimento. Os protestos chegaram a paralisar as obras e, durante o tumulto, vários dos alojamentos foram destruídos, o que levou as construtoras a enviar trabalhadores para suas cidades de origem. À época, os trabalhadores apresentaram uma pauta de reivindicações por melhores condições de trabalho.

Desde então, reiteradas manifestações de representantes do governo federal indicam preocupação em assegurar que o episódio não se repita. A pressão dentro e fora do país contra Belo Monte é ampla principalmente por questões relacionadas à preservação ambiental e aos direitos de comunidades indígenas. Eventuais entraves trabalhistas prejudicariam ainda mais a imagem do Brasil.

Na segunda-feira (22), por exemplo, a ministra do Planejamento Miriam Belchior prometeu fazer com que as condições de trabalho em Belo Monte sejam melhores do que as oferecidas em Jirau e Santo Antonio. Entre as medidas asseguradas pela ministra estão a definição de mesas de negociações entre trabalhadores e empresas, capacitação de mão de obra local, canteiro de obras com convívio familiar e visitas periódicas à cidade natal dos operários.

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