Após três dias de mobilização, petroleiros acreditam em abertura de negociação

Eles cobram PLR maior da Petrobras. Foram três dias de protestos

São Paulo – Petroleiros de terminais da Transpetro e nas termelétricas da Petrobras participaram do terceiro dia de mobilização da categoria, nesta sexta-feira (8). Apesar de ainda não haver data marcada para negociação sobre aumento da participação nos lucros ou resultados (PLR) para os trabalhadores da estatal, a discussão deve ser iniciada em breve.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a expectativa é de que a questão seja debatida antes do início da campanha salarial – a data-base da categoria é em 1º de setembro. Além da PLR, o movimento tem por objetivo evitar que a empresa, sem dialogar com os sindicalistas, repita neste ano a remuneração para cargos de confiança como fez em 2010. Na próxima terça-feira (12), uma reunião da FUP está programada para São Paulo.

Para o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, o movimento é diferente de ações anteriores. “Nosso objetivo é demonstrar a nossa capacidade de organização e conseguimos isso”, afirmou. No primeiro dia – quarta-feira (6) –, plataformas de petróleo e gás natural foram paralisadas. No segundo – quinta-feira (7) –, o alvo foram as refinarias. Em algumas unidades, a entrada no trabalho e a troca de turno foram atrasados em uma hora ou mais nos três dias de protesto.

A categoria reivindica 25% do valor de dividendos distribuídos aos acionistas da estatal. O percentual baseia-se, segundo a FUP, na Lei 10.101/2000 e na Resolução 10 do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest), vinculado ao Ministério do Planejamento. São elas que definem regras para o pagamento de PLR em empresas públicas.

Em nota, a FUP diz que o movimento dos petroleiros deste ano tem uma característica diferente das campanhas anteriores. “Muito mais do que uma campanha de PLR, meramente econômica, a disputa que a categoria está travando com a Petrobras é ideológica. É inconcebível que uma empresa pública fique refém de uma casta de executivos, que pressionam pela volta do bônus, uma política neoliberal, extremamente individualista, que estimula a divisão da classe trabalhadora e que levou à bancarrota uma série de corporações recentemente”, diz o texto.

O comunicado também lembra que a categoria já havia derrotado o chamado surbônus durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas que o tema jamais saiu da pauta dos funcionários em cargos de confiança.

A estatal sustenta que seu desempenho não foi afetado pelo movimento. Em nota, a Petrobras afirmou estar disposta a negociar com os funcionários. Não há, porém, previsão de reunião com os sindicalistas sobre o assunto. A última mesa de negociação ocorreu em 21 de junho e outra deve ser marcada em breve.

Com informações da Reuters